terça-feira, 10 de dezembro de 2013

OLHEM PARA MIM

Assistindo a uma palestra, estranhei quando o palestrante, em diversos momentos, pedia a atenção da platéia: “Olhem para mim!...me escutem!”
Sem dúvida, pedido revelador de um palestrante não prendedor da atenção dos ouvintes pelo conteúdo e comunicação. Os meios de comunicação usam as mais atraentes estratégias e recursos para chamar a atenção. Para anestesiar as vontades indecisas. Para atrair os consumistas e os escravos do mundo externo. Quanto mais inútil é um produto, mais se necessita de técnicas para chamar a atenção sobre si. Assim, também, quanto mais vazia uma pessoa, mais recursos visuais tem que usar para atrair os olhares sobre si. Não será essa a estratégia do uso das tatuagens, piercings,cortes de cabelo, roupas extravagantes e muitas outras maneiras de chamar a atenção?
Ser ponto de referência. Ser educador é ser ponto de referência de amor e sabedoria. É ser referência de valores. É ser referência de caminho certo, que leva ao sucesso em todos os sentidos. É não precisar de palavras e nem dizer “me escute... olhe para mim...”, mas simplesmente a presença e a atitude dispensam palavras e explicações. Ser um profissional de amor pela vida e pelo que faz é dispensar palavras.
Ser profissional no viver. Conheço médicos que sabem muito de medicina, mas que na medicina do coração e das perguntas da vida não conseguem fazer um diagnóstico e nem receitar para si mesmos remédios que os ajudem a amadurecer na emoção e no sentido da vida.
Conheci juízes e advogados, que tudo entendiam de leis, mas que não conseguiam entender e seguir as leis do coração, as leis da vida do dia-a-dia, e se confundiam quando necessitavam dar uma receita para a própria vida. Conheci sacerdotes e pastores que tudo entendiam de Deus e da Bíblia, mas que na vida concreta eram um fracasso espiritual.
Falavam de Deus como profissionais, mas não sabiam falar com Deus. É a realização do velho ditado: “Façam o que eles ensinam, mas não aquilo que fazem.”
Menos palavras e mais atitudes. Gosto de ler os evangelhos. Cada ato que Jesus realiza é uma nova atitude que ele ensina. Poucas palavras.
Atitudes claras que falam mais forte do que as palavras. Esse é o jeito de ler a palavra de Deus. É ver, sentir e aprender as atitudes de Jesus e tentar vivê-las no dia-a-dia. Assim é a natureza. Não grita e não se explica. Simplesmente está ali para nos ensinar no silêncio de seu ser. No dia em que pararmos mais para escutar as lições das árvores e da água, dos pássaros e das flores, das fruteiras e das estrelas, teremos muito menos necessidade de falar e de nos explicar. A necessidade de explicar é a arte de complicar a vida. A explicação complica,porque em cada explicação há uma racionalização e uma tentativa de esconder-se atrás das palavras.
Na verdade, somos os únicos seres que não nos contentamos com o que somos. Somos gente,somos criaturas humanas com a tendência de nos coisificar, de nos animalizar ou de nos endeusar.
Neste universo tenho meu lugar e minha maneira de ser. Isso é viver.

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