sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O SEGREDO DO PASTOR.

O país vivera dias de glória, bem-estar e progresso. Porém, nos últimos anos, os problemas se agravaram. Sucessivos governos haviam fracassado, deixando a condição sempre pior. Nessas circunstâncias, avisaram o rei que existia um pastor muito sábio. Talvez ele pudesse resolver problemas políticos e sociais. O convite foi feito e aceito pelo pastor, com uma condição: junto ao palácio deveria existir uma pequena sala, onde apenas ele pudesse entrar.
As decisões, decretos e leis do pastor foram tão oportunas que a situação começou a mudar: estabilizaram-se os preços, aumentou a oferta de empregos e o bem-estar tomou conta do país. Mas não tardaram as desconfianças, críticas e - finalmente - calúnias contra o novo primeiro ministro. Uns diziam que em sua casa secreta se acumulavam tesouros, que trabalhava com base na feitiçaria e até preparava um golpe para ficar com todo o poder. No começo o rei não deu importância, mas as acusações foram crescendo e por isso decidiu investigar.
Quando as portas foram derrubadas, todos tiveram uma grande surpresa: na casa só existiam alguns móveis rústicos, de madeira e palha; no centro, o mandatário vestido de pastor, tocando, na flauta, uma melodia pastoril. O que significa isso, o que significam esses trajes? E o governante pastor explicou: em seu palácio eu estaria rodeado de intrigas e interesses de grupos. Aqui eu continuo empenhado na tarefa de ver as coisas a partir dos olhos dos mais pobres, aqueles que seus ministros sempre esqueceram e nunca levaram em conta.
Em qualquer questão são muitos os pontos de vista. E todo o ponto de vista é visto a partir de um ponto. Muitos governantes, ao chegarem ao poder, esquecem o ponto de partida. O Estado precisa preocupar-se com os menores, com aqueles que estão em pior situação. Os grandes têm seus próprios meios de defesa.
Os anais da Revolução Francesa guardaram um fato significativo. Quando informaram a rainha Maria Antonieta que o povo não tinha mais pão, com ingenuidade, ela aconselhou: então que comam bolos! Ela não havia percebido, em tempo, a tempestade que acabou originando a maior de todas as revoluções. Ela mesma acabou na guilhotina.
A realidade, sobretudo a mais sofrida, é um privilegiado lugar teológico para encontrar a Deus. Pela Encarnação, Jesus assumiu a história humana e seu ponto de partida são os mais pobres, seus preferidos. João proclama: E o Verbo se fez homem, e habitou entre nós. Podemos traduzir de uma forma mais livre: E Deus se fez história e armou sua tenda entre nós. Ele armou sua tenda entre os mais pobres.

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