segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

E O CÍRCULO FICA CADA VEZ MAIS VICIOSO.

U m garoto de cinco anos visita a mãe, vestida com roupa bege. Quinze anos depois, uma senhora de 48 anos visita o filho, também trajando um uniforme bege. Hoje, Nélida, 52 anos, e o filho, Calil, 25, estão vestidos de bege. Mãe e filho, condenados, cumprem sentença em penitenciária paulista. É provável que amanhã um filho de poucos anos visite o pai e a avó na cadeia.
É o círculo vicioso que se repete, cada vez mais vicioso. Porque não têm pais, porque não têm lar, muitas crianças não têm alternativa. Seu destino natural é a marginalidade e o crime. E porque não tiveram uma boa educação, construirão lares desajustados. A tendência é que o círculo vicioso se repita, girando cada vez mais rapidamente e crescendo também quantitativamente.
Recente pesquisa da Delegacia da Mulher, em Curitiba, revela números significativos. Num universo de 1.200 homens autuados por agressão contra mulheres, nada menos de 80% provinham de lares-problemas e haviam sido agredidos na infância. Desse total, 50% abusavam do álcool e 30% estavam desempregados. Isso não justifica, mas explica o comportamento, antissocial. Ninguém dá o que não tem. Faltou amor, carinho e ternura, faltou diálogo e exemplo e por isso essas crianças - hoje adultos - não tiveram escolha.
E o problema continua se agravando. A religião, lamentavelmente, perdeu parte de sua força, as famílias enfrentam tempestades e muitas delas fracassaram. Os meios de comunicação social - em sua maioria - apostam no mais fácil, no erotismo e na desagregação familiar. Por último, o Estado mostra-se incompetente em seu dever. Cria empecilhos ao Ensino Particular e nas escolas públicas a prioridade não é educar, mas ensinar.
O escritor Aldous Huxley afirma: “Tudo acontece antes que tenhamos doze anos”. Até essa idade a criança assimila atitudes e hábitos que tendem a se perpetuar pelo resto da vida. Além do descaso, outra atitude compromete a educação. É o caso dos pais e educadores que tudo permitem aos filhos e alunos. Não se pode contrariá-los, garante essa corrente pedagógica, pois podemos traumatizá-los, reprimi-los. Na realidade, educação se faz com amor, firmeza e diálogo. Amar um filho é também saber dizer não.
Não basta querer bem aos filhos. É preciso querer o bem deles. Os pais devem saber dizer não e explicar o porquê dessa negativa. Nem por isso os filhos os amarão menos. Um antigo provérbio garante: quando os pais não corrigem - castigam - seus filhos, a vida se encarregará de fazer isso.

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