segunda-feira, 9 de agosto de 2010

VINHO: SUA VIRTUDE PASSA PELA DOSE CERTA

A ciência médica identificou cerca de 1.000 substâncias no vinho, só o álcool é danoso
Ele é filho da uva. Só podia ser o vinho. Entre todas as bebidas, é o mais favorável à saúde. Isso se bebido junto com as refeições, regularmente, com moderação e por quem não tem contra-indicação à ingestão de bebidas alcoólicas, ensina o cardiologista gaúcho Jairo Monson de Souza Filho, estudioso do álcool e de vinhos na saúde.
Uma substância de nome sonoro e altamente benéfica, polifenóis, levou o mundo a pesquisar as virtudes terapêuticas dos vinhos. Monson é um dos que se inclinaram para desvendar os caprichos do Criador quando projetou as videiras e seus frutos.
Os polifenóis são os que tornam o vinho uma bebida e um alimento diferente de todos os outros. Eles existem no reino vegetal, onde se identificam mais de 8.000. A eles cabe proteger os vegetais dos ataques físicos, como as irradiações ultravioletas, e biológicos, de fungos, vírus e bactérias. Para desempenhar a função, se armaram de ação antibiótica, potente efeito antioxidante, e distribuíram-se, quase que unicamente, nas cascas, sementes e folhas.
Nos vinhos se identificaram cerca de 200 polifenóis. Quase 95% se encontram nas cascas e sementes das uvas (ver gráfico). É por isso que os vinhos tintos - que são fermentados na presença delas - têm cerca de 10 vezes mais polifenóis que os vinhos brancos - que fermentam na ausência das cascas e sementes. É por isso também que os tintos, como regra, têm mais virtudes para a saúde. “Os polifenóis nos vinhos brancos são em menor número, porém com ação antioxidante mais potente.”
No vinho já se identificaram cerca de 1.000 substâncias e a única que reconhecidamente pode ser danosa ao organismo é o álcool. “O álcool é o problema do vinho.” Quando ingerido em quantidade superior à que o organismo pode bem metabolizar (dar um bom destino) é tóxico, principalmente para o fígado, cérebro e coração.
Beber espumante (ou champanhe) de maneira moderada e responsável é mais que um gesto de bom gosto e elegância, observa o cardiologista. É também saúde. Desde o final do século XIX, estudos científicos mostram que o espumante era reconhecido pelas suas virtudes medicinais.
Renomados médicos dessa época o indicavam para má digestão, reumatismos, como diurético, antisséptico e estimulante, para alegrar o espírito e fortalecer o corpo. Nos últimos anos, a ciência médica tem feito estudos que comprovam os benefícios dessa bebida. “O baixo teor alcoólico, junto com quantidades apreciáveis de potássio, magnésio e gás carbônico, estimula o apetite e melhora a digestão, porque aumenta a produção de enzimas digestivas na boca, estômago e duodeno (porção inicial do intestino)”, explica.
A sua ação diurética associada a quantidades significativas de potássio e magnésio é muito interessante em uma série de situações clínicas. O efeito antirreumático ocorre porque substâncias do espumante inibem a ciclo-oxigenase, enzima que desencadeia o processo inflamatório.
A serotonina é neurotransmissor que está diminuído no cérebro das pessoas com depressão. A tiramina, que existe em grande quantidade nos espumantes, é a substância precursora da serotonina. Este é o provável mecanismo do efeito antidepressivo dessa bebida. Dr. Boyer e colegas, na França, demonstraram aumento significativo de serotonina e dopamina (hormônio da paixão) no sangue dos que beberam champanhe.
O espumante também tem muito N-acetil-etanolamina, substância que age estimulando o sistema límbico, no cérebro, onde está o centro do prazer e da sexualidade. Este neurotransmissor mais a dopamina são, possivelmente, os principais responsáveis por esta nobre bebida ser o afrodisíaco mais usado atualmente.

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