quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O PRETENSO PODER DO CHAMADO QUARTO PODER

Desde há muito, veio dos EUA, salvo engano, a idéia de que a imprensa seria o quarto poder da República, ao lado do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Os maiores entusiastas deste ponto de vista chegaram a dizer que o quarto poder seria no tempo presente, o maior dos poderes republicanos. Há décadas, a própria imprensa repete, por toda parte, este mesmo conceito. Vários filmes abordaram esta temática acreditando, nem sempre do mesmo modo, neste modo de ver as coisas.

Apesar do inegável poder da imprensa, compará-lo aos demais poderes da República é como achar que a água é a mesma coisa do que o azeite, porque ambos são líquidos. Os governos continuam a governar, a partir da fórmula inventada por Montesquieu na França do século XVIII. Logicamente, que o formalismo do autor iluminista é adaptado às circunstâncias.
A luta não é contra os meios técnicos de comunicação recentes. Não são neles que o problema se aloja. Abatalha é contra a ignorância e a manipulação seja ela feita pela imagem, pelo som (inclusive da voz humana) e pela palavra escrita gravada ou transmitida em algum suporte legível. Não existe um quarto poder. Entretanto, existe o poder da palavra que pode servir para mudar o mundo ou deixar tudo como está. Nela, concentra-se a verdadeira disputa que poderá ter algum resultado. Quando se menciona o vocábulo ‘palavra’ se está falando de todas formas e meios que a humanidade dispõe para se comunicar. Em última análise, em uma imagem ou em um som, a palavra humana está sempre presente na conformação do ato criativo.

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