segunda-feira, 9 de agosto de 2010

EDUCAR É SABER DIZER SIM E NÃO NO MOMENTO CERTO.

O grego Esopo, 500 anos antes de Cristo, parece ter sido o inventor da parábola, pequena história, onde os animais externam sentimentos humanos. Outro representante do gênero é o francês La Fontaine (1621-1695). Essas fábulas têm atravessado gerações. Em geral, começam com a clássica “era uma vez...”.

Era uma vez uma coruja e um gavião. Na confusa parceria do reino animal, o gavião e a coruja chegaram a um acordo, um tratado de paz, fortalecendo os dois grupos, sobretudo preservando seus indefesos filhotes. Bem intencionado, o gavião quis saber como eram os filhos da coruja. Meus filhos, explicou a coruja, são lindos, engraçados, são primores da natureza. O gavião tomou nota. Dias depois, em sua caçada, encontrou um ninho e nele dois filhotes horríveis, mal feitos, tristonhos, mas saborosos... Ao constatar a tragédia, a coruja protestou contra a má fé do aliado. Não poder ser, tentou justificar o gavião, apenas devorei dois pequenos monstros, as criaturas mais feias que eu já vi...
Amar os filhos é o primeiro dever dos pais. Mas, esse amor, precisa levar em conta a realidade. Amar não é apenas querer bem, mas querer o bem. Os filhos não nascem perfeitos em sua referência moral. Eles precisam ser educados. E educar é indicar fronteiras. É saber dizer sim e dizer não no momento certo.
Antigamente os pais eram autoritários. Hoje, autoritários são os filhos. Certas correntes educacionais sustentam que os jovens não devem ser contrariados. Nunca assistimos a crianças e jovens dominando tanto os adultos, sobretudo pais e professores. Os filhos se comportam como reis, cujos menores desejos devem ser atendidos. Escritor e psiquiatra, Augusto Cury afirma: “Os pais devem aprender a dizer não a seus filhos, sem medo. Se eles não ouvirem não de seus pais, estarão despreparados para ouvir ‘não’ da vida”. No passado, noutra cultura, mas com a mesma lógica, se garantia: quando os pais não castigam os filhos, a vida se encarregará de fazê-lo.
O barco da educação é movido com dois remos. Num deles está escrito ‘amor’; no outro, ‘firmeza’. Hoje se fala no amor exigente. Um amor capaz de contrariar, um amor capaz de não aceitar as chantagens emocionais dos filhos. É um amor que não pensa apenas no momento presente, mas que trabalha para o futuro.
Existem pais que acham seus filhos os mais lindos e equilibrados. Eles estão sempre certos e por isso tomam a sua defesa, contra os professores e todos aqueles que pretendem educar de verdade. É a miopia da coruja, que nada ajuda aos filhos. Pelo contrário, os torna indefesos diante dos gaviões de que a vida está cheia.
Três palavras erguem a estrutura da educação: amor, firmeza e diálogo. E quando nada dá certo, é preciso apelar para o perdão e recomeçar, com amor, firmeza e diálogo.

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