quarta-feira, 20 de março de 2013

O VILÃO DAS QUEIMADURAS



Um milhão de pessoas por ano são vítimas de queimaduras no Brasil. Destas, dois terços são crianças, segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ). Em crianças de até seis anos, a principal causa desse tipo de acidente é o contato com água fervente. Após essa idade, são as substâncias inflamáveis, como o álcool líquido, as maiores responsáveis por queimaduras. Acidentes com o álcool líquido causam 45 mil casos de queimaduras em crianças a cada ano no Brasil, conforme a SBQ.

Com o objetivo de reduzir o número de acidentes com esse produto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu recentemente a fabricação, distribuição e venda de álcool líquido com graduação acima de 54º GL. Porém, ainda há recursos pendentes dos fabricantes aguardando julgamento. Mesmo assim, a agência garante que a proibição está valendo.
Na tentativa de manter a decisão da Anvisa, mais de 17 entidades civis, entre elas a SBQ e a Ong Criança Segura, permanecem em campanha, conscientizando consumidores e sensibilizando o Judiciário.
Há dez anos, uma resolução da Anvisa já havia determinado a substituição do álcool líquido pela versão em gel. Mas uma liminar concedida à Associação Brasileira dos Produtores e Envasadores de Álcool (Abraspea), no mesmo ano, permitiu que as empresas continuassem comercializando o produto. Nos meses em que vigorou a resolução, o número de acidentes com álcool teria caído 60% e o número de internações hospitalares e a gravidade das queimaduras teriam reduzido 26%, segundo a SBQ. De acordo com uma pesquisa realizada pela associação de consumidores Proteste, em 2007, tanto o álcool líquido quanto em gel pegam fogo facilmente. A diferença é que em caso de fogo provocado pela versão em gel, as chamas não se espalham devido à sua viscosidade.
Em nenhum outro país do mundo o álcool é responsável por tantos acidentes. “Culturalmente, no Brasil, o produto é muito utilizado no ambiente doméstico, para limpeza ou acendimento de churrasqueiras e lareiras, e isso é um perigo”, afirma Mauricio Pereima, diretor científico da Sociedade Brasileira de Queimaduras. “Esse tipo de queimadura provoca lesões de terceiro grau, que formam cicatrizes funcionais e estéticas permanentes”, completa.
A queimadura de terceiro grau destrói todas as camadas da pele e causa danos graves. O tratamento é demorado e doloroso. Geralmente, requer várias cirurgias, fisioterapia e suporte psicológico. As crianças são mais vulneráveis porque têm a pele mais fina que os adultos; queimam-se a temperaturas mais baixas, sendo que as lesões atingem maior profundidade e maior superfície do corpo.
O álcool não tem nenhum poder bactericida e pode perfeitamente ser substituído por outros produtos de limpeza. Para churrasqueiras e lareiras há acendedores próprios no mercado, que não oferecem tanto risco

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