quinta-feira, 28 de março de 2013

LIBERADO PARA O JANTAR

Quem já não recusou um saboroso prato de espaguete ao sugo no jantar baseado na teoria de que, à noite, carboidrato engorda ainda mais? Aos que devoram-no, a cobrança por não ter resistido! Pois, agora, não só o espaguete, mas também os pães, o arroz, os biscoitos estão liberados. É a redenção do carboidrato! Isso porque pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, descobriram que, no dia seguinte ao consumo noturno do carboidrato, os níveis de leptina, hormônio que diminui o apetite, sobem; ao mesmo tempo em que não ocorrem picos de grelina, o hormônio da fome. 
Para desvendar o que acontece com a saciedade e saúde de quem come carboidratos à noite, os pesquisadores acompanharam 78 voluntários acima do peso. Todos receberam a mesma dieta, de aproximadamente 1.500 calorias, bem equilibrada e adequada à quem deseja perder peso, composta por 20% de proteínas, de 30 a 35% de gorduras e de 45 a 50% de carboidratos. A diferença crucial foi que, enquanto um grupo podia distribuir a porção de carboidrato livremente durante todo o dia, o outro concentrava o consumo desse nutriente no jantar. 
Passados seis meses, todos perderam peso; em média, dez quilos. Mas isso era esperado pela composição calórica da dieta. A surpresa ficou por conta da mudança no padrão de secreção hormonal dos que ingeriram carboidratos apenas à noite. A leptina, que diminui o apetite, subiu durante o dia; e a grelina, que desencadeia a sensação de fome, diminuiu. A vantagem é que se a pessoa emagrece e, ao mesmo tempo, sente menos vontade de comer, as chances de ela manter a dieta são maiores.
A pesquisa derrubou o mito de que não se deve comer carboidrato à noite, sob pena de engordar. O que favorece o aumento de peso é a ingestão exagerada de calorias, a alimentação desequilibrada e o sedentarismo.
Outro benefício do consumo de carboidratos no jantar, constatado na pesquisa, é a elevação dos níveis do hormônio adiponectina, que favorece a ação da insulina, ou seja, o aproveitamento da glicose pelas células, reduzindo o risco de diabetes. 
Este mesmo hormônio exerce efeito anti-inflamatório, portanto, ter boa quantidade dele circulando pelo organismo beneficia todos os órgãos que sofrem com a inflamação decorrente da obesidade, como cérebro, coração, fígado. Neste aspecto, a proteína C-reativa também merece créditos. Esse indicador do estado inflamatório caiu quase 28% no grupo que aderiu aos carboidratos durante o jantar. Entre os outros voluntários, a redução foi de apenas 5,8%. Hoje, a proteína C-reativa é um dos principais marcadores associados a doenças cardiovasculares. 
As taxas do bom colesterol (HDL) subiram nos voluntários adeptos do carboidrato à noite. O colesterol ruim (LDL) e os triglicerídeos diminuíram em todos os voluntários, possivelmente pela perda de peso. A melhora desses parâmetros, segundo os médicos, é bem-vinda para o estado geral de saúde do indivíduo. A perda de gordura estocada na região da cintura é uma das principais patrocinadoras de todos os benefícios observados nos voluntários da pesquisa. Nessa região são produzidas uma série de hormônios. Sabe-se que a gordura abdominal tem relação até com o câncer, mas isso não foi objeto de estudo dos israelenses.
A novidade, porém, não dispensa a moderação na hora de alimentar-se. Abusar dos carboidratos nas refeições induz justamente o oposto dos benefícios citados, começando pelo ganho de peso. A boa notícia, agora, é que ninguém precisa dispensar a macarronada do jantar para se manter magro e saudável.

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