quarta-feira, 20 de março de 2013

MILHÕES CONDENADOS A UM FUTURO INCERTO.

Uma criança sem escola já deveria ser motivo de preocupação de políticos e cidadãos conscientes de um país. Em especial se a causa desta exclusão fosse a falta de vagas na rede de ensino. O relatório De Olho nas Metas, elaborado pelo movimento Todos pela Educação (TPE) e divulgado na semana passada, revela que há 3,6 milhões de crianças e jovens brasileiros, na faixa etária de 4 a 17 anos, fora da escola. 
A esse dado juntam-se pelo menos outros dois, igualmente negativos. O primeiro se refere ao desempenho dos alunos do ensino médio, que está muito abaixo do nível apropriado – menos de um terço conhecem a língua portuguesa e apenas 10,3% sabem matemática em grau compatível ao período de estudo. Outro: somente 51% dos estudantes concluíram o ensino médio na idade adequada.
Os números permitem concluir que a maioria das crianças brasileiras está fora da escola ou não consegue obter o aprendizado necessário para uma boa formação. Pessimismo? Mas não muito distante da realidade.
É preciso reconhecer avanços nesta área. A educação vem recebendo, nos últimos 15 anos, investimentos expressivos. Porém, as estatísticas comprovam que não têm sido suficientes.
Estudo e projeção do TPE mostram que, para atingir a meta de até 2022 ter 98% ou mais dos jovens e crianças entre 4 e 17 anos matriculados e frequentando a sala de aula, o Brasil precisava em 2011, ano do levantamento, que 94,1% da sua população dentro desta faixa etária estivesse na escola. O número atual corresponde a 92%, ou seja, há um atraso de dois anos.
No cenário atual, em que mesmo os jovens bem preparados encontram dificuldade para obter emprego e sucesso profissional, cada criança fora da escola é um futuro adulto condenado a um mundo de incertezas, ao subemprego ou à marginalização total. Infelizmente, há pelo menos 3,6 milhões de brasileiros recebendo essa sentença.

Nenhum comentário:

Postar um comentário