quarta-feira, 25 de abril de 2012

O ABSURDO E O SENTIDO


Sísifo, filho de Éolo, rei da Tessália, é um dos personagens mais fascinantes da mitologia grega. Foi considerado o mais astuto dos mortais. Sua maior façanha foi aprisionar a morte. Durante algum tempo nenhum homem morreu. Mas houve a vingança dos deuses e Sísifo foi condenado a um rotineiro e absurdo castigo por toda a eternidade. Sua pena era rolar uma pesada pedra montanha acima. E quando se aproximava da meta, a pedra rolava até o ponto de partida e ele tinha de recomeçar sua tarefa, sem esperança, para sempre.
Em cima dessa lenda, o escritor francês Albert Camus - O Mito de Sísifo - construiu toda uma teoria sobre o absurdo da vida: uma luta sem esperança, a inutilidade da vida, um fatalismo sem redenção. Mesmo assim, está tudo bem, dizia Camus. A mesma linha é seguida por outro filósofo francês, Paul Sartre, quando retrata a vida como um grande palco, onde somos jogados. Não sabemos o enredo, nem o nosso papel. Sartre insiste: somos viajantes de um trem que não sabemos para onde vai. Nem mesmo temos o bilhete da passagem.
Contra o absurdo de Camus e Sartre, a esperança cristã mostra que a vida tem sentido. O Evangelho mostra que é sempre possível recomeçar. A fé ri-se das impossibilidades. O cego começa a ver, o surdo a ouvir, o paralítico a andar, a mulher adúltera recupera sua dignidade e ao morto é devolvida a vida. Jesus, diante de um pai aflito, garante: “Tudo é possível para aquele que tem fé”. Surpreendente é também a resposta do oficial: “Eu creio, Senhor, mas ajuda minha falta de fé”.
A história humana e a história de cada um trazem a marca do sofrimento. As conquistas são sempre transitórias, a cada dia é preciso recomeçar. A pedra de muitas conquistas rola pela montanha e por isso se torna necessário recomeçar. O mal se torna desafiante sempre que a pedra rola montanha abaixo.
Há dois eixos fundamentais na luta do cristão. O primeiro deles: não estamos sozinhos. Cristo prometeu estar conosco todos os dias até o fim do mundo. O segundo ponto refere-se à dignidade da luta. Felizes os que morrem nas grandes batalhas, mesmo sem terem visto a vitória. O cristão tem compromisso com a luta e não com o triunfo. Cristo, no Grande Dia, não nos questionará sobre o sucesso, mas sobre a luta. Não importa que a pesada pedra esteja quase no topo ou na planície. Importa que morte nos surpreenda em meio à luta. Teremos a tranquilidade de esclarecer: embora servos inúteis, fizemos o que devíamos fazer, combatemos o bom combate.

SOBRE TRES PALAVRAS QUE COMEÇAM COM "I" ILUSÃO - ÍDOLO E IDEAL



Três palavras que começam com “i” podem nos ajudar a fazer uma reflexão ou até mesmo a perceber um rumo de vida, certo ou errado. É bom refletir sobre essas palavras, mas acima de tudo sobre o seu significado, quando se tornam decisões de vida. Todos os seres vivos se movem em busca de algo e por forças atrativas que não deixam a vida parar. Três palavras indicam três modos diferentes de nos posicionar ou até mesmo de investir nossas capacidades e dinamismos humanos.
Ilusão: costuma-se dizer que a ilusão parece ser o que não é, mas seduz e engana. Uma estória infantil pode ajudar a entender: um menino, à luz do sol, viu ao longe um objeto reluzente e atraente. Um colega também viu e ambos saíram correndo na certeza de encontrar um precioso brilhante. No percurso iam tropeçando em pedras, pisando espinhos e caindo de cansados. Cada um queria se superar para chegar primeiro e apossar-se do brilhante.
O primeiro que enxergara terminou desanimando, mas o outro prosseguiu e chegou. Tremenda decepção: o objeto reluzente era um caco de vidro! Na verdade, o problema da ilusão não está no objeto de desejo, mas em quem deseja possuir o que parece ser, mas não é. Ceder a qualquer espécie da ilusão é uma forma de ser injusto consigo mesmo. Pior ainda quando a ilusão é coletiva. O subjetivismo, geralmente, é o terreno mais favorável às ilusões.
Ídolo: para definir o que é um ídolo, ninguém melhor do que o salmista: “Os ídolos são obras de mãos humanas: têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não veem; têm ouvidos, mas não ouvem; têm nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não tocam; têm pés mas não andam... Os que os fazem e os que neles confiam, ficam como eles” . A idolatria é sempre um mecanismo de escravidão. A pessoa abdica a ser sujeito, passando a se tornar objeto.
Há ídolos coisas, há ídolos pessoas e até mesmo animais. Todos são prejudiciais quando começam a desordenar a vida, fazendo da pessoa uma presa fácil de suas idolatrias. É bom lembrar que existe um ídolo muito próximo de cada um de nós que se chama “egoísmo”. A egolatria é o caminho de quem se considera todo poderoso, autossuficiente e um deus de si e para si.
Ideal: as ilusões e os ídolos escravizam, mas o ideal liberta! Nele vai se desenhando nossa verdadeira identidade e a vocação, cuja resposta cotidiana vale a pena ser dada. Ideal não é para consumo imediato, mas vai dando sentido ao imediato porque nos impele para frente, num processo de verdadeira humanização.
Ideal é mais que um sonho, ou muitos sonhos. É o fim último para o qual deve tender todo o nosso projeto de vida. Quando alguém idealiza uma casa, logo faz o projeto, para nele investir formas, material, estruturas e mão de obra. Quando se sabe onde chegar, decidem-se bem os caminhos. Quando se tem um grande ideal, todas as nossas ações e escolhas vão adquirir consistência e verdade

A UNIVERSIDADE É UM LABORATÓRIO POLÍTICO

Por que dizemos universidade e não pluriversidade? Trata-se de uma instituição que comporta diferentes disciplinas. Multicultural, nela coabita a diversidade de saberes. O título universidade simboliza a sinergia que deveria existir entre os diversos campos do saber.
Característica lamentável em nossas universidades, hoje, é a falta de sinergia. Carecem de projeto pedagógico estratégico. Não se perguntam que categoria de profissionais querem formar, com que objetivos, com quais parâmetros éticos.
Ora, quando não se faz tal indagação é o sistema neoliberal, centrado no paradigma do mercado, que impõe a resposta. Não há neutralidade. Se o limbo foi, há pouco, abolido da doutrina católica, no campo dos saberes ele nunca teve lugar. 
Em que medida nossas instituições de ensino superior são verdadeiramente universidades, ou seja, se regem por uma direção, um enfoque dialógico, um projeto pedagógico estratégico? Ou se restringem a formar profissionais qualificados destituídos de espírito crítico, voltados a anabolizar o sistema de apropriação privada de riquezas em detrimento de direitos coletivos e indiferente à exclusão social? 
A universidade, como toda escola, é um laboratório político. E a política, como a religião, comporta um viés opressor e um libertador. Um dos fatores de desalienação da universidade reside na extensão universitária. Ela é a ponte entre a universidade e a sociedade, a escola e a comunidade. 
As universidades nasceram à sombra dos mosteiros. Estes, outrora, eram erguidos distantes das cidades, o que inspirou a ideia de campus, centro escolar que não se mescla às inquietações cotidianas, onde alunos e professores, monges do saber, vivem enclausurados numa espécie de céu epistemológico. Como assinalava Marx, dali contemplam a realidade, tranquilos, agraciados pelas musas, encerrados na confortável câmara de uma erudição especializada que pouco ou nada influi na vida social.
Na América Latina, houve o pioneirismo da reforma da Universidade de Córdoba, em 1918. A classe média se mobilizou para que as universidades controladas pelos filhos dos latifundiários e pelo clero se abrissem a outros segmentos sociais. Fez-se forte protesto contra o alheamento olímpico da universidade, sua imobilidade senil, seu desprezo pelas carências da comunidade entorno. A proposta de abrir a universidade à sociedade alcançou sua maturidade, na América Latina, no 1º Congresso das Universidades Latino-Americanas, reunido na Universidade de San Carlos, Guatemala, em 1949. O documento final rezava: “A universidade é uma instituição a serviço direto da comunidade, cuja existência se justifica enquanto desempenha uma ação contínua de caráter social, educativo e cultural, aliando-se a todas as forças vivas da nação para analisar seus problemas, ajudar a solucioná-los e orientar adequadamente as forças coletivas. A universidade não pode permanecer alheia à vida cívica dos povos, pois tem a missão fundamental de formar gerações criadoras, plenas de energia e fé, consciente de seus altos destinos e de seu indeclinável papel histórico a serviço da democracia, da liberdade e da dignidade dos homens.” 
Neste mundo hegemonizado por transnacionais da mídia mais interessadas em formar consumistas que cidadãos, nossas universidades ainda não priorizam o cultivo dos valores próprios de nossas culturas nem participam ativamente do esforço de resistência e sobrevivência de nossa identidade cultural. O que deveria se traduzir no empenho para erradicar a miséria, a degradação ambiental, a superação de preconceitos e discriminações de ordem racial, social e religiosa.

O UNIVERSO E SEU PROCESSO DE EVOLUÇÃO.

A nova cosmologia, derivada das ciências do universo, da Terra e da vida, vem formulada no arco da evolução ampliada. Esta evolução não é linear. Conhece recuos, avanços, destruições em massa e novas retomadas. Mas, olhando-se para trás, o processo mostra uma direção: para frente e para cima.
Somos conscientes de que renomados cientistas se recusam a aceitar uma direcionalidade do universo. Ele seria simplesmente sem sentido. Cito o físico britânico Freeman Dyson, que afirma: ”Quanto mais examino o universo e estudo os detalhes de sua arquitetura, tanto mais evidências encontro de que ele devia ter sabido que estávamos a caminho”. 
De fato, olhando o processso evolucionário que já possui 13,7 bilhõs de anos, não podemos negar que houve uma escalada ascendente: a energia virou matéria, a matéria se carregou de informações, o caos destrutivo se fez generativo, o simples se complexificou, e de um ser complexo surgiu a vida e da vida a consciência. Há um propósito que não pode ser negado. Se as coisas em seus mínimos detalhes, não tivessem ocorrido, como ocorreram, nós humanos não estaríamos aqui para falar destas coisas.
Escreveu com razão o conhecido matemático e físico Stephen Hawking: “Tudo no universo precisou de um ajuste muito fino para possibilitar o desenvolvimento da vida”.
Como emerge Deus no processo cosmogênico? A ideia de Deus surge quando colocamos a questão: o que havia antes do big-bang? Quem deu o impulso inicial? O nada? Mas do nada nunca vem nada. Se apesar disso apareceram seres é sinal de que Alguém ou Algo os chamou à existência e os sustenta no ser.
O que podemos sensatamente dizer é: antes do big-bang existia o Incognoscível e vigorava o Mistério. Sobre o Mistério e o Incognoscível, não se pode dizer literalmente nada. Por sua natureza, eles são antes das palavras, das energia, da matéria, do espaço e do tempo.
Ora, o Mistério e o Incognoscível são precisamente os nomes que as religiões e também o Cristianismo usam para significar aquilo que chamamos Deus. Diante Dele mais vale o silêncio que a palavra. Não obstante, Ele pode ser percebido pela razão reverente e sentido pelo coração como uma Presença que enche o universo e faz surgir em nós o sentimento de grandeza, de majestade, de respeito e de veneração.
Colocados entre o céu e a Terra, retemos a respiração e nos enchemos de reverência. Naturalmente nos surgem as perguntas: Quem fez tudo isso? Quem se esconde atrás da Via-Lactea? Como disse o grande rabino Abraham Heschel, de Nova York: “Em nossos escritórios ou na sala de aula podemos dizer qualquer coisa e duvidar de tudo. Mas inseridos na complexidade da natureza e imbuídos de sua beleza, não podemos calar. É impossível desprezar o irromper da aurora, ficar indiferentes diante do desabrochar de uma flor ou não quedar-se pasmados ao contemplar uma criança recém-nascida”. Quase que espontaneamente dizemos: foi Deus quem colocou tudo em marcha. É Ele a Fonte originária e o Abismo alimentador de tudo.
Podemos dizer: o sentido do universo e de nossa própria existência consciente parece residir no fato de podermos ser o espelho no qual Deus se vê a si mesmo. Cria o universo como desbordamento de sua plenitude de ser, de bondade e de inteligência. Cria o ser humano com consciência para que ele possa ouvir as mensagens que o universo nos quer comunicar, para que possa captar as histórias dos seres da criação, dos céus, dos mares, das florestas, dos animais e da próprio processo humano e religar tudo à Fonte originária de onde procedem.
O universo está ainda nascendo. A tendência é acabar de nascer e mostrar as suas potencialidades escondidas. Por isso, a expansão significa também revelação. Quando tudo tiver se realizado, então se dará a completa revelação do desígnio do Criador.

LEVEI 70 ANOS PARA APRENDER COMO SÃO AS PESSOAS


Um dos maiores problemas com o qual o ser humano pode conviver é a busca de aprovação pela família ou sociedade. Não espere que as pessoas à sua volta vejam o seu desempenho no momento e na hora que você mais precisa que isso aconteça. Os que vivem em sua volta, na maioria das vezes, gostam de você do jeito que é bom para eles. Poucos sabem entender que cada um tem o seu caminhar e a sua forma de enxergar a vida.
Não espere que os amigos de festas venham lhe ajudar, eventualmente, no transporte dos móveis de sua mudança de casa. A expressiva maioria deles não gosta de você. Gosta e aprecia o que você lhes oferece como distração ou alimento.
Não espere ter muitos amigos. Poucos nos aceitam como somos. Poucos têm a energia compatível. Não espere que sua felicidade esteja nas mãos dos outros. Eles também buscam a deles. Felicidade é uma mera combinação de mente aberta com oportunidade escancarada. Ser feliz é uma determinação e não uma busca. Felicidade é essência e não matéria.
Não espere, portanto, que seu bolso lhe traga esta felicidade. A satisfação que emana de um bem, em nossa vida, leva em si poucas horas de prazer. O que não se toca "esconde" a essência da vida feliz. A felicidade está DENTRO de nós. É só saber usar.Não espere que, finalmente, seguir os outros venha lhe dar a paz que você busca. Ela está em seu equilíbrio emocional e na forma como você verbaliza as suas verdades. Eles são a base do seu e do meu plantio.

OBESIDADE: UMA PREOCUPAÇÃO NACIONAL

O sobrepeso e a obesidade aumentaram nos últimos seis anos no Brasil. É o que aponta o Vigitel 2011 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), mais recente levantamento realizado pelo Ministério da Saúde. De acordo com o estudo, a proporção de pessoas com excesso de peso no Brasil avançou de 42,7% em 2006 para 48,5%, em 2011. No mesmo período, o percentual de obesos subiu de 11,4% para 15,8%.
O aumento das porcentagens de pessoas obesas e com sobrepeso atinge tanto a população masculina quanto a feminina. Em 2006, 47,2% dos homens e 38,5% das mulheres estavam acima do peso ideal. Em 2011, as proporções subiram para 52,6% e 44,7 %, respectivamente.
O problema do excesso de peso entre os homens começa cedo. Entre 18 e 24 anos, 29,4% já estão com o Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 25 Kg/m², ou seja, acima do peso ideal. Em homens com idade entre 25 e 34 anos, o índice de sobrepeso quase dobra, atingindo 55% dessa população. Na faixa etária de 35 a 45 anos, a porcentagem alcança 63% dos homens brasileiros.
O envelhecimento também tem forte influência nos indicativos femininos. Um quarto das mulheres entre 18 e 24 anos está acima do peso (25,4%). A proporção aumenta 14 pontos percentuais na faixa etária de 25 a 34 anos de idade, atingindo 39,9% das mulheres, e mais que dobra entre as brasileiras de 45 a 54 anos (55,9%).

Porto Alegre - A capital gaúcha é a que tem o maior número de pessoas com sobrepeso. Mais da metade da população de Porto Alegre (55,4%) tem quilos em excesso. No que se refere à obesidade, a cidade ocupa o segundo lugar no ranking (19,6%). Em seis anos, o percentual de homens com excesso de peso cresceu de 54,2% para 60,7%. Na população feminina, os números passaram de 42,4% para 50,7%, entre 2006 e 2011. Em cada dez mulheres, duas são consideradas obesas em Porto Alegre.
A obesidade tem forte relação com altos níveis de gordura e açúcar no sangue, excesso de colesterol e casos de pré-diabetes. Pessoas obesas têm mais chance de sofrer com doenças cardiovasculares, principalmente isquêmicas (infarto, trombose, embolia e arteriosclerose), além de problemas ortopédicos, asma, apneia do sono, alguns tipos de câncer e distúrbios psicológicos.

ABORTO: POLÊMICA SOBRE O TEMA CONTINUA



A decisão da maioria dos ministros do STF de legalizar a interrupção da gravidez de feto anencéfalo não encerra a polêmica sobre o tema. O resultado foi comemorado por defensores da prática nesses casos, mas também causou reações contrárias.
Para o advogado Luiz Antônio Barroso, defensor da ação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde que motivou o julgamento, a autorização reconhece a liberdade reprodutiva da mulher. “Quando a ação foi proposta, em 2004, o tema era tabu e o êxito improvável. Oito anos depois, o direito de a mulher interromper a gestação nesse caso tornou-se senso comum”, disse.
No entanto, para a presidenta do Movimento Nacional da Cidadania Pela Vida - Brasil Sem Aborto, Lenise Garcia, o tribunal não pensou nas consequências ao declarar o anencéfalo um ‘morto jurídico’. “O que o Brasil vai fazer com esse morto-vivo que foi criado. Ele vai ter certidão de nascimento ou um atestado de morte? Ele vai ser tratado pelos médicos? Os planos de saúde vão cobrir os gastos? Que documento vai ser dado a ele se ele já foi considerado morto por decreto”.

VENENOS: BRASIL USA O DOBRO DA MÉDIA MUNDIAL

O fato de provocar a morte de uma pessoa a cada dois dias no Brasil, conforme revela a Fundação Oswaldo Cruz, já seria motivo para um alerta nacional contra os agrotóxicos. Mas há outro: 11.600 casos de intoxicação em um ano - ou 32 por dia.
Ao invés de um controle mais rigoroso sobre a venda desses venenos ocorreu aumento no consumo. Hoje, o Brasil é o maior mercado mundial de agrotóxicos, com crescimento acima do dobro da média global.
Alguma coisa, evidentemente, está errada. A própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) chama a atenção para peculiaridades deste setor. A primeira é a clara situação de reserva de mercado por parte de indústrias. As dez maiores empresas respondem por 65% da produção nacional e por 75% das vendas. Essa constatação seria suficiente para deflagrar um processo de regulação do comércio de agrotóxicos. A Anvisa dá outra razão para essa providência: apenas a metade dos registros aprovados pelo órgão para que produtos nessa área sejam vendidos no Brasil resulta em produção e venda reais. Explicação: como os registros concedidos pelo governo brasileiro não têm prazo de validade, muitas empresas os usam para aumentar seu valor de mercado.
Independente dos interesses e estratégias de mercado, se assiste diariamente milhares - ou milhões - de trabalhadores na agricultura sendo expostos a herbicidas, fungicidas, inseticidas e outros tipos de produtos. Riscos idênticos - ou até maiores - passam consumidores.
O Brasil tem batido recordes sucessivos de safras agrícolas e seria até natural que subisse o volume de agrotóxicos usados. Mas no mínimo deveria haver uma fiscalização mais severa sobre os produtos aplicados em alimentos e com a proteção de quem lida com eles. Com isso estaria se protegendo também o consumidor final.

OS RIOS VOADORES

De onde vem a chuva? Das nuvens carregadas de vapor de água que se condensa quando encontra uma frente de ar mais fria e cai em forma de gotas. Mas alguém sabe de onde vem o vapor d’água? Muitos pensam que vem apenas do oceano em direção ao continente, outros incluiriam os rios nesta lista. Porém, o ambientalista Gérard Moss, inglês naturalizado brasileiro, descobriu que boa parte do vapor que forma as nuvens de chuva vem da Amazônia.
Segundo os pesquisadores, a floresta funciona como uma bomba d’água. Ela puxa para o continente a umidade evaporada do Atlântico que, ao seguir terra adentro, cai como chuva sobre a própria floresta. Ali, ¼ da chuva fica nas folhas das árvores e, aquecida pelo sol, evapora novamente. Outros ¼ da chuva são absorvidos pela vegetação e também voltam a ser vapor de água por causa da transpiração das árvores. Cada árvore de grande porte da floresta evapora e transpira 300 litros de água por dia! Isso é mais do que o dobro da água que um brasileiro usa diariamente. 
Com a “evapotranspiração” da floresta, formam-se enormes “rios” de vapor de água, os “rios voadores”. Eles não podem ser vistos a olho nu, mas juntos têm mais água do que o rio Amazonas, que é o maior do mundo. A diferença é que o Amazonas tem água no estado líquido e os rios voadores, em estado gasoso. 
Os ventos alísios levam os rios voadores da Amazônia para perto da Cordilheira dos Andes. Ao encontrar a barreira natural, parte do vapor se precipita nas encostas leste das montanhas, formando as cabeceiras dos rios amazônicos. Barradas pelo paredão de 4.000 metros, os rios voadores fazem a curva e partem em direção ao sul, para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil e os países vizinhos. É assim que o regime de chuva e o clima do Brasil se deve muito a um acidente geográfico localizado fora do país.
Esse é mais um motivo para cuidarmos da Amazônia. Se o desmatamento continuar, a quantidade de vapor de água que chega ao restante do país vai ficar desregulada, gerando chuva em excesso em alguns lugares e secas em outros.

COMO VOCÊ AGE COM O SEGURAR E O SOLTAR

Você faz isso com seu cãozinho quando sai a passeio, faz com seu carro, faz consigo. Não há por que não fazer com os filhos. Há hora de soltar a cordinha, os freios de mão e de pé. Há hora de frear, prender e segurar, por mais que o cãozinho queira, por mais que seu filho teime. Um dia, ele/ela terá condições de ir aonde quer; agora, não. Ele/ela reagirá dizendo que sabe, mas não sabe; que saberá se cuidar, mas não saberá. Erro dele/dela se insistir numa liberdade para a qual não está pronto. Você não pode nem deve ceder. Conforme o caso, o juiz poderá decretar prisão para o casal omisso. 
Mas será erro seu se, estando o filho ou filha em condições de ir, você prender ou segurar. É o que alguns casais fazem. Mães possessivas atrapalham a vida afetiva e o crescimento do seu filho/filha. Interferem nos namoros e na liberdade. Os filhos de tais pais ou mães precisam de ajuda para libertar-se, mas tais pais ou mães precisam de ajuda para aprender a soltar sem sofrer chiliques.
Se isto ainda existe? Pois é. Numa era de tanta liberdade e de tanto individualismo há milhares de moçoilos e moçoilas de 35, 40 anos que não conseguem nem sair do ninho, nem montar o próprio, nem amar o suficiente uma outra pessoa de qualidade, porque o aconchego doméstico virou suave jaula. Se é bom? Perguntem aos estudiosos da alma. Em geral não é!

ALIMENTOS GORDUROSOS E REFRIGERANTES

Um dos fatores que contribuem com o aumento da obesidade no Brasil é o consumo de alimentos gordurosos. A pesquisa revela que 34,6% dos brasileiros abusam de carnes com gordura e mais da metade da população (56,9%) bebe leite integral regularmente.
Além disso, 29,8% dos brasileiros consomem refrigerante pelo menos cinco vezes por semana. Por outro lado, apenas 20,2% da população ingere a quantidade recomendada pela Organização Mundial de Saúde de frutas e hortaliças, que são no mínimo cinco porções diárias. Com o passar dos anos, o brasileiro tende a diminuir a ingestão de gordura saturada e de refrigerantes e a aumentar a de frutas e hortaliças. 
Segundo a OMS, as taxas elevadas de colesterol e triglicerídeos, causadas majoritariamente pelo consumo excessivo de gorduras de origem animal, determinam 4,4 milhões de mortes por ano, sendo responsáveis por 18% das doenças cerebrovasculares e 56% dos males isquêmicos do coração.
Apesar de “se alimentar pior” - os homens comem duas vezes mais carne com gordura, menos frutas e hortaliças e tomaram mais refrigerante do que as mulheres - eles são menos sedentários do que elas. Segundo a pesquisa, 39,6% dos homens fazem exercícios regularmente. Entre as mulheres, a frequência é de 22,4%. O percentual de homens que não praticam atividade física no Brasil diminuiu de 16% em 2009 para 14,1% em 2011.
A OMS indica que 22% das doenças cardíacas, de 10% a 16% dos casos de diabetes tipo 2 e de cânceres de mama, cólo e reto poderiam ser evitados com prática regular de atividade física.

MULHERES ESTÃO MAIS ATENTAS À PREVENÇÃO DO CÂNCER



As brasileiras estão mais atentas aos riscos de desenvolvimento de câncer, submetendo-se aos exames necessários para prevenir dois dos mais frequentes tipos de tumores que acometem a população feminina. Nos últimos anos, aumentou o número de mamografias, que podem detectar o câncer de mama; e o de citologias oncóticas (papanicolau), para o diagnóstico do câncer de colo de útero.
Dados do Vigitel 2011 revelam que a proporção de brasileiras dentro da faixa etária preconizada (50 aos 69 anos) que se submeteu ao exame de mamografia nos últimos dois anos subiu para 73,3%, enquanto que, em 2006, esse índice era de 71,2%. Quanto à prevenção ao câncer de colo de útero, cerca de 80% das brasileiras com idade entre 25 e 59 anos (faixa etária anteriormente preconizada, atualmente ampliada até os 64 anos) fizeram o papanicolau nos últimos três anos.
Ainda de acordo com o levantamento do Ministério da Saúde, quanto mais baixa a escolaridade da mulher, menor é a frequência da realização dos dois exames preventivos. O percentual das entrevistadas com mais de 12 anos de estudo que fizeram a mamografia foi de 87,9%, quase 20 pontos percentuais a mais do que as mulheres com até oito anos de escolaridade (68,5%). Já em relação ao papanicolau, 89,6% das mulheres com 12 ou mais anos de estudo realizaram o exame, 12,7% a mais do que as mulheres com até oito anos de escolaridade (76,9%).
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), os cinco tumores mais incidentes na população feminina são os de pele não-melanoma, mama, colo de útero, cólon e reto e pulmão. O câncer de mama deve acometer 53.000 mulheres este ano; o de colo de útero, 18.000.

terça-feira, 17 de abril de 2012

TODOS SOMOS APRENDIZES DA VIDA

Na realidade, ninguém nasceu sabendo e ninguém morre sabendo tudo. O povo diz que o saber não ocupa lugar, mas em todo o lugar se pode aprender. Costuma-se imaginar que o aprendizado é resultado de bancos de escola, de livros, de professores e alunos, de canetas e papel, e hoje também, de recursos eletrônicos modernos. Aprendizado é decorrência de alfabetização, de línguas, de geografia e história, de ciências exatas e humanas etc. Porém, isto não é tudo!
Minha intenção não é menosprezar o ensino formal, com sua caminhada de alfabetização, de primeiro, segundo e terceiros graus, mestrados e doutorados. O assunto que intriga a humanidade é como ser aprendiz da vida sempre, especialmente fora da escola, dentro da vida real e no chão onde pisamos sem ajuda de mestres e nem de máquinas.
Vida, que é vida, é chamada a ser um permanente aprendizado. Nela a consciência vai se abrindo progressivamente para a verdade e a verdade vai libertando e liberando sempre mais vida. Vida, que é vida a renovar-se, em permanente primavera, é aquela que acolhe, re-elabora, amplia e enriquece o mundo das ideias; sabe discernir e afeiçoar-se pelo bem e pela beleza e consegue ir transformando as ações, dando-lhes sentido e grandeza sempre maior.
É possível sermos aprendizes da vida, sempre! Podemos aprender como ser e como não ser, como fazer e como não fazer, nos debruçando sobre os acertos e erros próprios, e acertos e erros dos outros. Em geral, quando erramos nos deprimimos e nos culpamos e nada resolvemos. Podemos transformar nossos humanos fracassos em mestres que nos ensinam a não repetir os erros do passado e deles tirarmos lições de cautela, cuidado e sabedoria para não continuar caindo.
Na convivência do dia a dia temos uma natural tendência de não ligar para o bem que os outros realizam e o bom êxito de suas iniciativas. Preferimos ficar indiferentes em lugar de aprender com seu bom exemplo. Porém, quando alguém erra, peca ou fracassa, logo se espalha a difamação e a fofoca, em lugar de aprender como não chegar à mesma queda.
Quando nos damos conta de que podemos ser aprendizes da vida, também nos convencemos que até os animais e a natureza podem nos ensinar e nos comunicar lições de profundeza e grandeza, além do visível.

DIA DO ÍNDIO, UMA JUSTA HOMENAGEM



A música de Jorge Benjor diz que “todo dia era dia de índio”, lembrando que os índios que viviam no Brasil eram donos da terra quando o país foi descoberto. Mas em outra estrofe, Benjor lembra que “agora ele só tem o dia 19 de abril”. Em 1940, no México, foi realizado o I Congresso Indigenista Interamericano, com a presença de diversos países da América. Os índios também foram convidados. Como estavam habituados a perseguições e outros tipos de desrespeito, não aceitaram o convite. Dias depois, após refletirem sobre a importância do congresso na luta pela garantia de seus direitos, decidiram comparecer. 
A data, 19 de abril, por sua importância histórica, passou a ser o Dia do Índio, em todo o continente americano. No Brasil, o então presidente Getúlio Vargas assinou o decreto nº 5.540, em 1943, determinando que o país também comemorasse o Dia do Índio em 19 de abril.

ENRIQUECENDO O SOLO COM PLANTAS


Em um mundo cada vez mais necessitado de ações que valorizem a preservação ambiental, a adubação verde tem se destacado como uma excelente opção para a recuperação e melhoria dos solos. A técnica agrícola, utilizada há mais de 2.000 anos por gregos, romanos e chineses, consiste no cultivo de espécies de plantas com elevado potencial de produção de massa vegetal com o objetivo de melhorar as condições físicas, químicas e biológicas dos solos.
A prática, desde que utilizada continuamente, aumenta o teor de matéria orgânica, recuperando solos degradados; diminui a perda de nutrientes, como o nitrogênio; reduz a quantidade de plantas invasoras; favorece a proliferação de minhocas e reduz o ataque de pragas e doenças.
A utilização de adubo verde contribui ainda para diminuir o emprego de fertilizantes minerais e defensivos e, devido à cobertura que desenvolve na superfície do solo, também protege a terra contra os efeitos da erosão.
O pesquisador da Embrapa José Alberto Mattioni explica que a família das leguminosas é a mais utilizada como adubo verde. A principal razão está em sua capacidade de fixar o nitrogênio atmosférico. “Isso porque as leguminosas são capazes de fazer uma associação com bactérias próprias para fixar esse nutriente tão importante”, analisa. Assim, com essa adubação natural, cai o custo da produção, uma vez que o agricultor não precisará comprar adubo nitrogenado”, completa.
Outro motivo é que as leguminosas apresentam um sistema radicular geralmente bem profundo e ramificado, capaz de extrair nutrientes das camadas mais profundas do solo.

ESTIMULANDO A INDÚSTRIA NACIONAL


O governo federal anunciou, na terça 3, medidas para estimular a indústria nacional. As ações passam pelo câmbio, desonerações da folha de pagamento e do IPI (veja quadro). Para isso, a União deixará de arrecadar R$ 7,2 bilhões. 
“O governo quer aumentar a competitividade da economia brasileira, produtividade e inovação, reduzir os custos tributários, econômicos e financeiros, e o custo da infraestrutura brasileira”, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. “Não podemos ficar inertes ao protecionismo disfarçado que os países praticam. Temos de combater fraudes cometidas nas importações, subfaturamento e outros”, acrescentou Mantega. 

Os setores que serão beneficiados pela desoneração na folha de pagamento são: têxtil, confecções, couro e calçados, móveis, plásticos, material elétrico, autopeças, ônibus, naval, aéreo, bens de capital, mecânico, hotéis, call centers, tecnologia da informação e produção de chips. Outra das frentes do governo para estimular a indústria nacional será a preferência por produtos brasileiros nas compras governamentais. “Importado pode custar até 25% menos que o nacional, mas vamos preferir o nacional”, disse Mantega. 
As ações fazem parte do programa Brasil Maior, que visa dar mais competitividade à política industrial brasileira. A preocupação do governo se voltou definitivamente para o desempenho da indústria após a divulgação, pelo IBGE, de que o crescimento do setor em 2011 conteve o crescimento do PIB brasileiro. A indústria cresceu só 1,6% em 2011. 
Segundo o governo, a indústria foi o setor da economia mais afetado pelo agravamento da crise financeira mundial. Com o real valorizado, os produtos nacionais ficaram mais caros no mercado internacional. Além disso, os países mais afetados pela crise procuraram mercados internos mais aquecidos, como o brasileiro, para despejar seus produtos, o que causou uma invasão de bens importados no país

A POSTURA DE CONTA-GOTAS



Deixando de lado sua fobia antirreligiosa, num momento de sinceridade, Voltaire admitiu: o universo me encanta! E continuou seu raciocínio: não posso admitir que exista um relógio sem existir um relojoeiro. As cores deslumbrantes, as sementes, as frutas, as aves, os animais, as estrelas, os lírios, a água, o vento, a neve, tudo fala do supremo artífice, que chamamos de Pai.
No capítulo das coisas maravilhosas, o perfume ocupa um lugar especial. Conhecidos há milhares de anos, estão longe de serem superados ou substituídos por algo melhor. Dois mil anos antes do nascimento de Cristo, os faraós do Egito e sua corte difundiram seu uso trazendo um agradável toque de frescor ao clima quente e árido do deserto. Tinham igualmente livre trânsito nos suntuosos palácios reais. A história nos revela que a primeira greve da história aconteceu em função dos perfumes. Descontentes com a recompensa recebida, os soldados do faraó Seti pararam de fornecer unguentos aromáticos.
O perfume tem presença marcante no Evangelho. Os evangelistas falam da mulher de nome Maria, que invadiu a casa de um fariseu, onde acontecia um banquete. “Tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa inteira ficou cheia de perfume do bálsamo”.
Os perfumes mais selecionados são usados com parcimônia: uma ou duas gotas. Maria derramou todo o conteúdo do frasco. Não segurou nada para si, quebrou o vaso. Mesmo à distância, podemos imaginar o escândalo do fariseu que convidara a Jesus. Num gesto de ternura e infinita beleza erótica, Maria enxugou os pés de Jesus com seu cabelo. E Jesus colocou um fecho de ouro no episódio: “Onde quer que o Evangelho venha a ser proclamado, também o que ela fez será contado em sua memória”.
Nossos gestos, quase sempre, são tímidos. No máximo usamos uma ou outra gota de nosso amor a Deus e ao próximo. E justificamos nossa atitude como Judas, falando de possível ajuda aos pobres. Este não foi o raciocínio de Teresa de Calcutá, Charles de Foucauld, Francisco de Assis, Teresa de Jesus, Luther King, Dom Hélder Câmara e outras personalidades que jamais esqueceremos.

VIDA EM PLENITUDE

Nosso atual modelo hegemônico de sociedade, baseado no consumismo e na acumulação do lucro, encontra-se em crise. De cada três habitantes do planeta, dois vivem entre a pobreza e a miséria. Todas as formas de vida estão ameaçadas pela degradação ambiental. Apesar disso, mais de 6 mil culturas e 500 milhões de pessoas resistem à modernidade neocolonialista que o paradigma anglossaxônico insiste em nos impor.
O Fórum Social Mundial cunhou a utopia de “um outro mundo possível”. Ora, melhor falar em “outros mundos possíveis”, abertos à pluralidade de etnias e culturas. O que nos exige uma atitude iconoclasta, de derrubar os mitos da modernidade capitalista, como mercado, desenvolvimento e Estado uninacional, fundados na razão instrumental.
Ao questionar as lógicas mercantilistas, desenvolvimentistas e consumistas, contribuímos para desmercantilizar a vida. Sabemos todos que, em nome do deus Mercado, água, florestas, mares e demais bens da Terra, deixam de ter valor de uso para ter apenas valor de troca. Até as relações pessoais são sempre
mais mercantilizadas.
“Vida em plenitude” nos exige resgatar a sabedoria dos povos originários, numa atitude relacional e dialógica com a natureza e os semelhantes. Abaixo a cultura do shopping, do consumismo desenfreado! Agora, trata-se de viver bem, e não de viver melhor que o vizinho ou de acordo com as imposições do grande oráculo do deus Mercado: a publicidade.
“Viver bem” é poder pensar, discernir e decidir com autonomia; promover a interculturalidade e a diversidade linguística; admitir a variedade de formas de democracia; favorecer os autogovernos comunitários; socializar o poder.
Os povos originários, como as nações indígenas que se espalham pelo Brasil, sempre foram encarados, por nosso citadino preconceito, como inimigos do desenvolvimento. Conheço sumidades acadêmicas que defendem a integração dos índios ao nosso modelo de sociedade urbana. Ora, este nosso modelo é o grande inimigo daqueles povos.
Frente à crise da civilização hegemonizada pelo capitalismo, é hora de se construírem novos paradigmas. Isso implica valorizar outras formas de conhecimento; integrar o humano ao natural; respeitar a diversidade de cosmovisões; desmercantilizar e socializar os meios de comunicação; e opor a ética da solidariedade à competitividade.
Se a secularização da sociedade descarta cada vez mais a ideia de pecado, urge introduzir a da ética, a fim de ultrapassar esse limbo de relativização dos valores que tanto favorece a corrupção, a ridicularização do humano, a prepotência de quem se julga único portador da verdade e não se abre ao direito do outro, à diversidade e ao diferente.
Uma revista inglesa propôs a um grupo de leitores verificar, durante três meses, quais os produtos estritamente necessários para que cada um se sentisse feliz. Todos, sem exceção, concluíram que se ampliou o orçamento familiar ao constatar o alto índice de supérfluos até então consumidos como necessários.
“Vida em plenitude” significa estar aberto e relacionar-se com o Transcendente, a natureza e o próximo. Não basta, porém, abraçar essa atitude como mera receita de autoajuda. É preciso transformá-la em projeto político, de modo a reduzir a desigualdade social e universalizar o acesso de todos à alimentação, à saúde, à educação e aos demais direitos básicos.
Ao contrário do que pregava o teólogo Adam Smith, é fora do Mercado que
reside a salvação.


ESTAR SATISFEITO


É muito importante aprender o significado das palavras bastante e satisfeito.A felicidade está no bastante. A satisfação vem de saber o que nos basta.
Quem quer demais da vida encontra dissabores e a própria morte mais cedo. 
Pergunte aos traficantes e aos bandidos e assaltantes sobre seus amigos mortos. Quiseram depressa o que levaria anos de trabalho para conseguir. Arriscaram a vida para ter o que não queriam conseguir pelo trabalho demorado e penoso. Mataram e foram mortos. Estão debaixo da terra. Jogaram fora a sua vida por uma conta no banco ou alguma casa comprada com o que não era seu, mas dos outros.

Teimar em ter o que queremos, mesmo que toda uma comunidade nos diga que estamos errados, é loucura. Insistir num afeto errado que destruirá outra família, teimar numa amizade suspeita que fará mais mal do que bem ao nosso redor, é querer 
o inconveniente. Foi possível, mas não foi certo. 
Repense sua vida. Você não tem que ir devagar nem depressa demais. Tem que achar a justa velocidade do seu barco e saber com clareza por onde navega. Se quiser acertar terá que evitar caminhos lindos, mas perigosos demais. Dando a volta, terá mais chance de chegar à ilha dos seus sonhos.

TITANIC A TRAGÉDIA QUE MARCOU A HISTÓRIA

À 0h05 do dia 15 de abril de 1912, Edward J. Smith, oficial comandante do RMS (Real Navio-Correio, na sigla em inglês) Titanic, reuniu os oficiais e solicitou que os passageiros do transatlântico de luxo fossem acordados. Pediu que se dirigissem ao convés onde se encontravam os botes salva-vidas para serem evacuados, mesmo sabendo que o número de botes era suficiente para apenas pouco mais da metade das 2.227 pessoas a bordo.
Às 2h20, o navio, que fazia sua viagem inaugural, mergulha a pique pelas profundezas do oceano para entrar na história como a maior tragédia do século XX.
Na noite de 14 de abril de 1912, durante sua viagem inaugural, entre Southampton, na Inglaterra, e Nova York, nos Estados Unidos, o Titanic chocou-se com um iceberg no Oceano Atlântico e afundou duas horas e quarenta minutos depois. Até o seu lançamento, em 1912, ele foi o maior navio de passageiros do mundo e abriu a era de viagens marítimas opulentas.
Para a Comissão de Inquérito dos Estados Unidos foram 1.517 vítimas. Já para a Câmara de Comércio Britânica foram 1.503 vítimas, enquanto que para a Comissão de Inquérito Britânica, 1.490. O número da Câmara de Comércio Britânica parece o mais convincente, descontado o fogueiro Joseph Coffy e o cozinheiro Will Briths Jr., que desertaram em Queenstown.
Lendas - Cem anos depois, o nome Titanic ficou como símbolo de uma das maiores tragédias marítimas da história. O capitão Smith e o engenheiro-chefe Thomas Andrews permaneceram no navio. No entanto, Bruce Ismay, presidente da White Star Line, embarcou num dos últimos botes que deixou o navio. A sociedade da época nunca o perdoaria por esse feito.
As lendas sobre o que aconteceu a bordo do navio, as mudanças resultantes no direito marítimo, bem como a descoberta do local do naufrágio, em 1985 por uma equipe liderada pelo pesquisador Robert Ballard, fizeram a história do Titanic persistir famosa desde então.
Museu - O navio de passageiros RMS Titanic, da companhia White Star Line, naufragou há 100 anos. A efeméride será assinalada neste dia 15 de abril. A cidade de Belfast, na Irlanda do Norte, prepara-se para inaugurar um edifício-museu para recordar o Liner (navio de grande porte).
O edifício situa-se junto aos estaleiros da Harland and Wolff, empresa que construiu o navio entre os anos de 1909 e 1911. O museu alberga réplicas de algumas áreas do Titanic, diversos artigos de bordo e muitas outras curiosidades, em particular o telegrama do presidente da White Star Line, Bruce Ismay, aos proprietários do navio dando conta do seu naufrágio.

AGULHAS AGINDO CONTRA A DOR.



A acupuntura, técnica da medicina tradicional chinesa, praticada há pelo menos três mil anos, se popularizou no Brasil e no mundo por ser capaz de aliviar dores e até tratar doenças, especialmente aquelas que não apresentam melhora com métodos terapêuticos convencionais. A especialidade médica antes praticada também por enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos, farmacêuticos e fisioterapeutas, agora só poderá ser exercida por médicos, veterinários e odontólogos, em suas respectivas áreas de atuação.
A nova determinação, em vigor desde o dia 3 de abril, atende a uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que acatou ação movida pelo Conselho Federal de Medicina e pelo Colégio Médico de Acupuntura. “A prática pressupõe o prévio diagnóstico médico e a inserção de agulhas em determinados pontos do corpo depende do mal diagnosticado no exame”, declara, em nota, o relator do caso no TRF, juiz federal Carlos Eduardo Castro Martins. A decisão judicial é de segunda instância e os profissionais por ela desfavorecidos já anunciaram que vão recorrer.
Reconhecida como especialidade médica no Brasil em 1995, pelo Conselho Federal de Medicina, e ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2006, a acupuntura é um conjunto de procedimentos que estimulam áreas anatomicamente definidas. Segundo a Sociedade Médica Brasileira de Acupuntura (SMBA), os pontos estimulados na terapia enviam sinais ao sistema nervoso central, que libera neurotransmissores e hormônios capazes de aliviar dores, estimular o sistema imunológico e regular funções corporais. Conhecida pelo uso de agulhas, que têm a espessura de um fio de cabelo, a acupuntura é feita também por meio de massagens, ventosas e raio laser.

HOMENAGEM AOS INDIOS


Eles já foram pelo menos cinco milhões, chegaram quase a ser dizimados, encolhendo para cerca de 300 mil, e hoje somam pouco mais de 800 mil. A variação de números começa pelo reflexo da presença do homem branco, avança com a cobiça e a disputa por terras e a linha volta a ser positiva devido a uma melhor atenção que passaram a receber - muito distante da ideal.
Os dados se referem aos indígenas brasileiros. Desde 1500, eles vêm sofrendo violências, sendo encurralados. De don
os absolutos do território tornaram-se ocupantes de reservas cujos limites quase sempre não são respeitados. As áreas de terra são proporcionalmente ainda muito maiores que as pertencentes aos demais brasileiros. E não falta quem escancare essa comparação. Mas muitas das riquezas internas foram ou estão sendo dilapidadas - de madeira a minérios, passando por plantas medicinais e pela fauna.

De únicos habitantes, se resumiram a 0,4% da população total do país; das 1.300 línguas que falavam, restaram 180; as 1.400 tribos foram reduzidas a um número ainda oficialmente desconhecido - mas obviamente muito menor. Esses números expõem um retrato de tristeza e sofrimentos, pintado com as cores da ambição e da injustiça. Provam a dificuldade ou a falta de vontade de um país para conservar, com respeito, um dos povos de sua origem; jogando-o, em muitos casos, para casebres à beira de rodovias.
Para um país crescer e se desenvolver, é natural e aceitável que ele avance sobre matas, rios, enfim, interfira no cenário original. São perdas compensadas pelo bem-estar e conforto - ou até sobrevivência. Eliminar culturas, vidas e povos, porém, passa a ser um crime inexplicável. Mais do que prestar homenagens aos indígenas, os novos donos deste país precisam se desculpar. E assumir o compromisso da convivência pacífica, respeitosa e harmônica com todas as minorias.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

É A TRISTE DANÇA DAS CADEIRAS

Avida não reserva a ninguém cadeira cativa. Rei posto, rei deposto, a uns faz gosto, a outros, desgosto. César era imortal e, no entanto, pereceu. O Terceiro Reich duraria mil anos e não completou 20. Os esbirros da ditadura militar brasileira acreditavam que ela seria perpétua e, agora, temem a Comissão da Verdade.
Ressalto essa finitude humana a propósito das quedas, semana passada, de Ricardo Teixeira, após 23 anos na presidência da CBF; Romero Jucá, o “eterno” líder do governo no Congresso (serviu, com a mesma subserviente fidelidade, aos governos FHC, Lula e Dilma); e Cândido Vacarezza, líder do PT na Câmara dos Deputados.
Soma-se a essa dança das cadeiras a decisão do PR de romper com o governo Dilma e passar à oposição.
O Brasil é uma nação republicana que ainda não exorcizou sua alma monárquica. Perdemos a coroa, mas não a majestade. Ainda perduram em nossa cultura política feudos e donatários. Isso está impregnado na alma daqueles que, picados pela mosca azul, se julgam insubstituíveis nos cargos que ocupam. E se espantam e se queixam quando um poder mais forte do que o deles os remove da função que desempenham. Só então se dão conta de sofrerem da síndrome de Vargas: a identificação entre pessoa e função. Uma não vive sem a outra. Por isso o presidente Vargas preferiu atirar contra o próprio coração a deixar o Palácio do Catete como cidadão comum.
O caso do PR é de outra ordem na esquizofrenia política. Ele, como tantos outros partidos, se julga no direito de botar cerca e cadeado em torno de um ou mais ministérios.
Aliás, a culpa não é do PR por inebriar-se por tão alta pretensão. A culpa é da falta de reforma política e do modo como é costurada, hoje, a base de apoio ao governo. Não se exige consenso em torno de um Projeto Brasil. Não se requer afinidade ideológica. Não se priorizam pautas de um planejamento estratégico. Tudo é feito à base do toma lá, dá cá. Em moeda eleitoral. O governo quer votos; o aliado quer verbas e mais poder.
Como alertou Maquiavel, há procedimentos que dão poder, mas não glória. E num país que desde a ditadura ainda não recuperou sua autoestima política, não é de se estranhar que, em tempos de neoliberalismo, quando amealhar fortuna desponta como ideal de vida, haja tanta corrupção, nepotismo e maracutaias no jogo do poder.
Já que citamos Dom Pedro II, vale reproduzir o que escreveu ele em carta de 15 de janeiro de 1889: “A política de nossa terra, cada vez me repugna mais compreendê-la. Ambições e mais ambições do que tão pouco ambicionável é”.
E não há maestrina da Casa Civil para evitar que se repita, no jogo político, a canção de Tom Jobim e Newton Mendonça: “Quando eu vou cantar você não deixa ∕ E sempre vem a mesma queixa ∕ Diz que eu desafino, que eu não sei cantar ∕ Você é tão bonita, mas tua beleza também pode se enganar. ∕ Se você disser que eu desafino, amor ∕ Saiba que isso em mim provoca imensa dor...”
A dor de nutrir pretensões abusivas e acreditar que só os próprios ouvidos escutam a doce resposta positiva que, todas as manhãs, é suscitada pela inquieta interrogação: “Espelho meu, espelho meu, existe alguém mais
lindo do que eu?”
Há poder e poder. Poder inerente ao cargo que se ocupa ou aos bens que se possui, e poder inerente ao caráter e∕ou carisma da pessoa. Esses últimos, infelizmente, são exceção. E como têm luz própria, eles nos iluminam mesmo ao não estarem mais entre nós, como são os casos de Sócrates, Confúcio, Buda, os profetas do Antigo Testamento, Jesus, Francisco de Assis, José Martí
e Che Guevara.
Todos eles abraçaram o poder como serviço imbuído de idealismo e calcado em princípios éticos e morais. Buscaram não a própria glória, mas a dos outros, dispostos a dar a vida pela coerência assumida.
Esta é uma opção ética da qual nenhum político foge, ainda que nem tenha consciência do quanto ela é inevitável: empoderar-se ou empoderar a coletividade. Os primeiros usam a democracia em benefício próprio. Os segundos a fortalecem e glorificam.

A LUTA ENTRE O BEM E O MAL


Na década de sessenta fez sucesso um filme de Glauber Rocha: Deus e o Diabo na Terra do Sol. O roteiro é marcado pela seca e pelo latifúndio, onde a morte parece ser a solução para todos os casos. A fé também se faz presente neste mundo desumano. Como pano de fundo a velha luta entre Deus e o diabo, o bem e o mal.
Na imaginação popular, o demônio é muito poderoso, revelando-se um rival à altura de Deus. É tão poderoso que muitos se recusam até pronunciar seu nome. Uma catequista deu a um aluno, impossibilitado de participar no encontro semanal, uma tarefa para fazer em casa. Entregou-lhe uma folha com a recomendação: num dos lados deveria escrever sobre Deus e no outro sobre o diabo.
O menino começou falando de Deus. Deus é bom, Deus é amor, é misericordioso, é alegria e salvação. Continuou escrevendo: Deus é paz, Deus é força, Deus é ternura. Depois escreveu sobre a grandeza e poder de Deus. A harmonia dos espaços celestes, com as estrelas girando em órbitas perfeitas, o mundo maravilhoso das flores, a diversidade do mundo animal, o sol, a chuva, o incrível poder da semente. Depois falou do homem e da mulher, dotados de inteligência e vontade, capazes de descobertas maravilhosas. E Deus, em Jesus Cristo, se fez um de nós.
Quando ele parou de escrever, deu-se conta que havia só um cantinho na segunda folha. Tratou de justificar-se, explicando: “não há lugar para o diabo”.
Em nossa fé, o diabo não tem lugar. É uma figura muito apagada. É um eterno perdedor. Pode até incomodar, mas não é um rival para Deus. A história humana não pode ser entendida como uma colossal disputa entre Deus e o diabo. Pode ser entendida como luta entre o bem e o mal. É o relato do Apocalipse. E a história humana já tem um final certo, um final feliz. Nossa fé é centrada em Jesus Cristo. Ontem, Hoje e Sempre, Princípio e Fim. Não há outro nome que possa salvar.
Mas é bom lembrar que o pecado - mais que o diabo - é uma realidade em nossa vida. O próprio apóstolo Paulo admitia: vejo o bem que quero fazer e não faço, vejo o mal que não quero fazer e faço. É a ambiguidade humana. Mas Deus é maior que o nosso pecado.  A última palavra da história não será do mal, mas da vida, que se tornou sinônimo de Ressurreição. A nossa preocupação não deve ser com o diabo, mas com o bom Deus.

VITÓRIAS & DERROTAS


Que a vida e a fé não giram em torno do sucesso atesta-o a semana que  há séculos chamamos de Semana Santa. Começa no festivo Domingo de Ramos, com direito a mantos estendidos no chão, aclamações ao futuro rei dos judeus e uma entrada triunfal; passa pela quinta-feira da ceia fraterna, depois angústia e solidão; avança pela sexta-feira de apupos e ofensas, pancadas, tortura, sangue, cruz e derrota pesada; atravessa o sábado no túmulo e se conclui no domingo de vitória.
Os ainda iludidos com a fama, o dinheiro, os primeiros lugares, os tapinhas nas costas, o sucesso de negócios,o sucesso de votos e de vendas, farão bem em refletir sobre o que houve com Jesus no curto espaço de uma semana. Boa parte do povo mudou de lado, os manipuladores do povo venceram, os inimigos o derrotaram, o “stablishment” o silenciou. Pronto! O futuro rei estava no seu devido lugar: na cova, que era onde já deveria estar há muito...
Acontece que ele ressuscitou. Das muitas lições de Jesus naqueles dias de ganhos e perdas, fica a lembrança de que o efêmero às vezes nos põe no pedestal e o mesmo efêmero nos tira de lá. E não adianta contar com a torcida porque esta, como num estádio, às vezes, torce contra!
Não há pessoa ou pequeno grupo que não tenha sofrido revés. Nem tudo sai como prevíamos, nem tudo é sucesso, mas também nem toda dor ou perda é para sempre. Somos cavaleiros do antes, do durante e do depois. Embora creiamos em Jesus, sua trajetória permanece um mistério. Paulo sugere que os efésios cresçam querendo entender largura, comprimento, altura e profundidade destes acontecimentos. Uma coisa é a semana, outra a reflexão, Derrotado é quem não sabe nem perder nem vencer. Jesus soube!

O BATE-PAPO DO SANTO E O COMUNISTA


O tão esperado encontro, que permaneceu incerto até o último momento, ocorreu por volta das 12h30 do dia 28, pouco antes de Bento XVI retornar a Roma. Na Nunciatura Apostólica de Havana, Bento XVI e o ex-líder cubano Fidel Castro falaram por cerca de 30 minutos. De um lado, Fidel, quase 86 anos, jaqueta escura, cachecol no pescoço, bastante debilitado e sustentado pela esposa Dalia e dois de seus filhos. De outro, o Papa, que neste mês completa 85 anos.
Fidel mostrou-se muito curioso a respeito das atividades do Papa. “Agora que não tenho mais responsabilidades de governo, passo o tempo lendo e refletindo. Como o senhor faz para ainda desempenhar o seu serviço?”, perguntou o ex-guerrilheiro. “Eu sou velho, mas ainda consigo desempenhar o meu dever”, respondeu o Pontífice.
Ex-aluno dos padres jesuítas, o revolucionário ateu Fidel, que permaneceu no poder por quase 50 anos (de 1959 a 2008), disse que acompanhou a visita pela TV e percebeu variações na liturgia em comparação com quando era jovem. Gentilmente, o Papa explicou-lhe como a missa mudou. Por fim, Castro indagou sobre como é o trabalho de uma Papa e sua missão. “O Papa está a serviço da Igreja universal”, respondeu Bento XVI.
Depois, Fidel se alegrou com a beatificação de João Paulo II e de Madre Teresa de Calcutá, grande benfeitora de Cuba. Fidel mostrou-se interessado sobre questões religiosas e pediu que Bento XVI lhe envie livros sobre “a essência de Deus” e sobre a relação entre ciência e fé. Por fim, um caloroso aperto de mãos celou o encontro entre o Papa teólogo e o pai da revolução cubana. Bento XVI resumiu o encontro como proveitoso, intenso, animado e “com muitas trocas de argumentos”.

CONTINUANDO: PARA TER LIBERDADE É PRECISO ESTAR JUNTOS


Nunca nos tornaremos autenticamente livres sozinhos, de modo individualista, como pequenos burgueses fechados em nosso palácio de cristal. Para nos libertar de certas estruturas opressivas pessoais e comunitárias, para romper certas cadeias, para superar certas escravidões e alcançar a liberdade na medida de uma vida digna, não é suficiente o esforço pessoal.
Tornamo-nos livres, juntos, com quem vivemos, com quem condividimos esforços, empenhos e objetivos comuns. Aqui deve acontecer um salto de qualidade que a liberdade necessita fazer para amadurecer. É tão fácil enganar-nos, achando que a conquista da liberdade se deve fazer movidos pelo impulso natural do individualismo. É exatamente assim que se criam os verdadeiros ditadores e dominadores.
O cultivo da liberdade autêntica implica na capacidade de sabermos estar juntos, renunciando a certos pontos de vista pequenos a fim de alargar o horizonte, acolhendo o ponto de vista do outro e dos outros. A superação do “eu” para o “nós” é um empreendimento exigente, mas sempre compensador, pois o mais verdadeiro sonho é aquele que sonhamos juntos.
O estreitamento da liberdade que vai criando prisões invisíveis em nós, acontece na proporção do fechamento sobre nós mesmos. Quanto mais egoístas, menos livres, quanto mais altruístas e solidários, maior é a liberdade.
Ser livre junto a... torna-nos responsáveis! Preciso responder a alguém, dar razões de minhas escolhas. Sou convocado pelo grupo humano, no qual convivo, a colocar-me em relação a partir da cordialidade e não da pesada obrigação. A cordialidade faz crescer a liberdade no amor e não no temor.
Paulo de Tarso tem uma página admirável referente ao ser livre junto a...: “Ainda que livre em relação a todos, fiz-me o servo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. Para os judeus, fiz-me como judeu, a fim de ganhar os judeus... Para os fracos fiz-me fraco, a fim de ganhar os fracos. Tornei-me tudo para todos, a fim de salvar alguns a todo o custo. E isto tudo eu faço por causa do Evangelho, para dele me tornar participante”.
A liberdade que vai sendo conquistada junto aos outros, necessariamente nos dispõe ao serviço dos outros e o serviço que exercitamos vai nos tornando verdadeiramente livres da própria prisão. O fundamento último da liberdade é o amor a Deus e o amor ao próximo.
Neste caminho de liberdade junto a... necessitamos nos abrir à obediência. Quando a liberdade vai se tornando responsabilidade, assume como normal o caminho da obediência. A independência absoluta elabora uma caricatura de liberdade. O espontaneísmo é uma barreira à obediência.
A autêntica obediência pressupõe a liberdade, como a verdadeira liberdade se nutre de obediência responsável. Quando se imagina que liberdade se opõe à obediência e a obediência tolhe a liberdade, complicamos a relação de duas dimensões que se reclamam mutuamente. Cristo foi o homem mais livre da terra e da história e foi também o mais obediente dos humanos.

NOVAS REGRAS DO PONTO ELETRÔNICO


Depois de cinco adiamentos, entraram em vigor na segunda 2 as novas regras para o ponto eletrônico. A mudança está valendo para o setor industrial, comércio, serviços, transportes, construção, comunicações, energia, saúde, de educação e financeiro. De acordo com as regras, é impresso um comprovante para o trabalhador para que o relógio seja inviolável.
A partir de 1º de junho as empresas do setor de agroeconomia passam a utilizar o ponto eletrônico. Já em 3 de setembro será a vez das micro e pequenas empresas.


PROJETO PREVÊ ATÉ 16 ANOS DE PRISÃO


Um projeto de lei do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que prevê penas mais severas a motoristas embriagados, já foi aprovado pelo Senado e deve ser posto em votação neste mês pela Câmara. O projeto estabelece que imagens de vídeos ou depoimento de testemunhas também poderão servir como provas contra motoristas bêbados. Com isso, o bafômetro e o exame de sangue deixam de ser as únicas provas admitidas em um possível processo judicial.
O projeto também prevê o aumento rigoroso das penas para motoristas embriagados que se envolvem em acidentes que provoquem morte ou lesão corporal de terceiros. As penas podem variar de seis meses de prisão para quem apenas for flagrado dirigindo sob efeito de bebidas alcoólicas a 16 anos nos casos em que o ato de dirigir bêbado resulte em acidente com morte.
As penas podem ainda ser aumentadas em até 50% do tempo de prisão se o acidente for provocado por um condutor bêbado não habilitado ou sem a carteira de habilitação correspondente ao veículo que está dirigindo; se o acidente ocorrer em locais de grande concentração de pessoas; ou se o motorista embriagado estiver transportando idosos, crianças, gestantes ou pessoas com limitação de discernimento.

QUALIDADE DA UVA DE 2012 SÓ PERDE PARA A DE 2005

A safra da uva 2012 chega ao fim com qualidade muito superior à do ano passado, mas ainda abaixo da de 2005, considerada uma das melhores da histórica da vitivinicultura gaúcha. A conclusão é possível graças à comparação da graduação média deste ano apurada pela Divisão de Enologia da Secretaria da Agricultura-RS e as safras referidas. Plínio Manosso, responsável pelo levantamento, ressalta que os números não são finais e que ainda devem subir, citando a cabernet sauvignon.
A Divisão de Enologia analisou 280 amostras colhidas em vinícolas das regiões produtoras do Estado - principalmente Serra gaúcha, mas também Campanha e fronteira oeste, Serra sudeste e Campos de Cima da Serra. Foi medido o grau babo, que revela o teor de açúcar no mosto.

O FIM DA LEI SECA


Ao decidir que somente o teste do bafômetro ou o exame de sangue vale como prova de embriaguez de condutor de veículo, o Superior Tribunal de Justiça está anulando o efeito que a Lei Seca vinha produzindo. E por um singelo motivo: ninguém está obrigado a se submeter a essas comprovações.
Desde que passou a vigorar, a Lei Seca pelo menos intimidou muitos motoristas que ignoravam uma regra básica: se beber, não dirija. Blitze realizadas pelo país acumularam multas e prisões de condutores irresponsáveis. Se com a lei os índices de acidentes no trânsito não diminuíram em várias regiões, sem ela a tendência é de que aumentem.
Juristas acreditam que a Lei Seca foi sepultada. Valerá apenas para os desavisados, aqueles que concordarem com os exames que ainda servem de prova.
Como reação, o Ministério da Justiça está querendo mudar a lei para torná-la mais dura. Fala em retirar a dosagem alcoólica que caracterizaria crime, permitir que um motorista em visível estado de embriaguez possa ser condenado e que possam ser utilizados como provas depoimentos de testemunhas e filmes.
Apesar da boa vontade demonstrada, o governo federal não deixa de produzir uma situação paradoxal. Quer mais rigor contra o álcool ao volante, mas pressiona pela liberação de bebidas em jogos da Copa do Mundo.
Executivo e Legislativo têm que criar instrumentos mais eficazes que a Lei Seca. O país precisa investir em educação no trânsito e ter mais seriedade para liberar novos motoristas. Além disso, deve controlar a propaganda que cria ídolos e dita normas comportamentais - redes sociais mostram jovens e adolescentes exibindo copos de bebidas alcoólicas como troféus. Com atitudes de curto e longo prazos, haverá menos bêbados e outros inconsequentes na direção de veículos e as tragédias realmente vão encolhe
r.

INFELIZMENTE BRASILEIROS ESTÃO LENDO MENOS

O Brasil é composto por 50% de leitores, que somam 88,2 milhões de pessoas. Neste conceito, são considerados leitores apenas as pessoas que leram pelo menos um livro, inteiro ou em partes, nos últimos três meses. Há também cerca de 50% de não-leitores. Em média, o brasileiro lê quatro livros por ano, entre literatura, contos, romances, livros religiosos e didáticos. Deste total, lê 2,1 livros inteiros por ano e dois em partes. O índice maior é de leitoras - 53%, contra 43% do sexo masculino.
Esses dados foram apurados pela pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Ibope Inteligência a pedido do Instituto Pró-Livro (IPL). Foram feitas mais de cinco mil entrevistas em 315 municípios, entre junho e julho de 2011.
Comparando com 2007, ano da última pesquisa, diminuiu o número de leitores (eram 95,6 milhões, ou 55% da população) e o hábito de leitura em tempo livre - passatempo apontado por 36% dos ouvidos em 2007 e, agora, por 28%.
“Apesar de os indicadores apresentarem uma redução no número de leitores, se aprofundarmos a análise dos resultados percebemos uma melhor qualidade nessa leitura e muitas pessoas afirmando que estão lendo mais hoje”, afirma a presidente do IPL, Karine Pansa. Sobre o tipo de gênero preferido de nossos leitores, a bíblia ainda aparece em primeiro lugar, seguido de livros didáticos, romances, livros religiosos, contos, literatura infantil, entre outros. Entre os incentivadores à leitura, os professores passaram do segundo para o primeiro lugar, ultrapassando a indicação da mãe como a responsável por despertar o interesse pela leitura.
A região brasileira que tem a melhor média de livros lidos nos últimos três meses é a Centro-Oeste, com 2,12 exemplares. O Sudeste registrou 1,84 livro nos últimos três meses, o Sul 1,68 e o Norte 1,51.

terça-feira, 3 de abril de 2012

E TUDO COMEÇA A PARTIR DELE.

Um jumentinho, num certo dia, voltou para casa muito feliz. Ele contou à mãe que fizera sucesso. Fui a uma cidade, explicou, quando lá cheguei, fui muito aplaudido. A multidão gritava, populares arrancavam ramos de oliveira e mesmo colocavam mantos pelo chão. Todos estavam contentes com minha presença, finalizou. A mãe, que era sábia e velha, quis saber se ele estava sozinho e o burrinho esclareceu: eu estava levando um homem chamado Jesus.

Volta a essa cidade, pediu a mãe, mas agora sozinho. Dias depois ele fez a experiência e retornou arrasado. Não entendo o que aconteceu, queixou-se. Fizeram exatamente o inverso: nada de palmas, nada de aclamações, mas me maltrataram, xingaram e até mesmo me bateram. Não sei porque isto aconteceu comigo! E a mãe, explicou: você, sem Jesus, é apenas um jumento.
A pequena fábula propicia uma chave de leitura para a vida e a missão. João Batista já traçara a linha ideal: é necessário que Ele cresça e eu diminua. O grande orador e missionário padre Antônio Vieira dizia ter medo dos profetas de si mesmos. São aqueles que esquecem o Senhor e pregam a si mesmos.
Duas frases da Bíblia sinalizam o horizonte: “Sem mim nada podeis fazer” proclama Jesus; e São Paulo garante: “Tudo posso naquele que me conforta”.Temos os dois extremos: sem Ele, nada, mas com Ele tudo é possível. Está aí a razão do sucesso e dos fracassos . As palavras, quando não acompanhadas do testemunho, são vazias. Podem até suscitar seguidores, mas não discípulos de Jesus.
A evangelização – ontem, hoje e sempre – precisa ser centrada na adorável pessoa de Jesus Cristo. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Jesus não é apenas um dos caminhos, mas Ele mesmo é o Caminho. Jesus não veio ensinar verdades, mas Ele é a Verdade.
Escrevendo aos cristãos de Corinto, Paulo apóstolo garante que não existe outro fundamento possível. Cristo é o alicerce único. Sobre esse alicerce cada um deve construir de seu modo: com ouro, prata, pedras preciosas, madeira, barro ou palha. A recompensa será proporcional ao material usado.
Felizmente Deus decidiu implantar o Reino em parceria conosco, o que de certa maneira reabilita a pretensão do pequeno jumento. Deus quis contar conosco.
O que não podemos é tentar sozinhos o que é missão feita em parceria. Devemos escolher o último lugar, que é o nosso.
E tudo começa a partir Dele.

FESTEJAR É VENCER A SEPARAÇÃO ENTRE PRESENTE,PASSADO E FUTURO

As festas se repetem. E de tanto repeti-las, parece que vão perdendo o sentido. Para bem celebrar a Páscoa é necessário recuperar o sentido do tempo e, nele, o sentido de cada festa. No agitado mundo moderno, está cada vez mais difícil encontrar tempo para festejar. O trabalho consome a maior parte de nosso tempo e de nossas energias. Levantamos cedo, fazemos nossa higiene e tomamos café correndo para apanhar o transporte que conduz ao trabalho, onde permanecemos todo o dia sem perder tempo para, no fim da tarde, voltar outra vez para casa apressados, descansar e, no dia seguinte, começar tudo de novo... Para a maioria dos jovens, a essa correria do trabalho soma-se a necessidade de estudar. Para muitas mulheres, às exigências do emprego junta-se a obrigação de cuidar da casa, do marido e dos filhos! A vida parece uma corrida contra o tempo que, como o deus Chronos da mitologia grega, nos quer devorar...
No meio de toda essa correria, o domingo aparece como um respiro, um tempo de descanso, de não ser obrigado a sair correndo, desligar o despertador e poder dormir um pouco mais... Mesmo assim, muitas vezes temos que usar o domingo para recuperar o atrasado que não se pôde fazer durante a semana. E lá se vai o tempo de descanso... Ainda bem que de vez em quando o calendário nos brinda um “feriadão”, uma folga um pouco maior para descansar. E saímos correndo para a praia ou para o interior para “não perder o tempo”!... Tão preocupados estamos em aproveitar bem o feriadão que nem nos damos tempo para perguntar o porquê deste tempo maior de descanso. É simplesmente um “feriadão”, uma interrupção no ritmo cotidiano de trabalho, de estudo. A razão do feriado, o que se está comemorando neste dia, é o que menos importa... Basta saber que temos tempo para desfrutar ou, simplesmente, não fazer nada!
Reaprender - No meio de toda essa correria, até mesmo as festas cristãs passaram a ser “feriadões”: feriadão de Páscoa, de Corpus Christi, de Aparecida, de Finados, de Natal. Fica o nome, mas ele é desvinculado da comemoração à qual faz referência. Com efeito, comemorar significa trazer à memória algo de importante que aconteceu. E fazê-lo de tal forma que aquilo que aconteceu no passado continue vivo e atuante no presente. Quando comemoramos o aniversário de uma pessoa, nos alegramos com uma vida que começou a dez, trinta, sessenta anos... e que continua viva. Normalmente, depois que uma pessoa morre, deixamos de comemorar seu aniversário porque a sua vida já terminou. Passamos a comemorar a morte dessa pessoa para dizer que a sua ausência, apesar do tempo que passa, continua a marcar nossas vidas. Ou seja, é uma ausência que continua presente.
“Comemorar” é uma outra forma de viver o tempo. Não é simplesmente deixar-se levar pelos ponteiros de relógio ou pelos numerozinhos do display digital que nos dizem que os segundos voam acumulando minutos que somam horas e juntam dias em semanas que formam meses e nos fazem ter a sensação de que nem iniciamos o ano e ele já está terminando - e que a nossa vida está passando sem que tenhamos tido a oportunidade de desfrutá-lo. O tempo assim experimentado nos consome, nos devora, sufoca, mata.
No mundo moderno da correria do tempo que parece cada vez mais acelerado, sentimos cada vez mais a necessidade de resgatar a capacidade de voltarmos a ser senhores do nosso tempo. Voltar a ver os dias de nossa vida não como obrigação, mas como festa. Festa é a capacidade de suspender o tempo do relógio e viver a intensidade do momento. A verdadeira festa é aquela que não tem hora para começar nem duração delimitada ou tempo para terminar. É a convivência gratuita em que dispensamos relógios e simplesmente desfrutamos o estar juntos. Festejar é ser capaz de vencer a separação entre passado, presente e futuro e viver a alegria da presença das pessoas com quem partilhamos nossas vidas, tenham elas vivido há muitos anos, estejam agora vivendo ou viverão no futuro.

RESSURREIÇÃO, A MAIOR DAS FESTAS.

A Quaresma começa com a Quarta-feira de Cinzas e termina na celebração da Última Ceia, na Quinta-feira Santa. Nesse tempo, os domingos não são dias quaresmais. Eles não contam na soma dos 40 dias! Domingo é o dia em que fazemos a memória da Ressurreição de Jesus. É dia de lembrar a vitória de Deus sobre a morte e por isso é dia de festa.

Dentro da Quaresma e como abertura da Semana Santa, temos a Festa do Domingo de Ramos. Nele festejamos a chegada de Jesus em Jerusalém. Junto com o povo de Israel, comparamos Jesus com Salomão, o Filho de Davi que vem montado num jumento para reinar com justiça e equidade sobre todo o povo de Deus. Como anunciara o profeta Zacarias, ele é o Filho de Davi que vem expulsar os que oprimem e fazem o povo sofrer e instaurar um tempo de justiça e de paz. Por isso, Domingo de Ramos é dia de festa, de cantar e celebrar antecipadamente o triunfo de Deus sobre todos os poderosos deste mundo que, com medo do novo que pode acontecer, querem fazer o povo calar.
E, como não há festa sem comida, o Tríduo Pascal começa com uma Ceia. Ela lembra a Última Ceia Pascal de Jesus com seus discípulos. Festa tensa, pois Jesus sabia que as autoridades, tanto judaicas como romanas, não suportavam sua presença em Jerusalém e sua mensagem de alegria e esperança. Mas, mesmo sabendo da presença à mesa de um dos que o traíram, Jesus deixou de festejar a Páscoa da libertação do Egito. E, para que continuássemos festejando a vitória da vida sobre a morte, deixou o pão repartido e o vinho partilhado como sinais de sua presença viva no meio de nós. E, no gesto do Lava-pés, nos ensinou que, na festa da vida, é maior a alegria de servir do que de ser servido.
Mas a grande festa, a mãe de todas as festas, para os cristãos, é a Festa da Ressurreição que celebramos na Vigília Pascal. É uma festa rica de elementos simbólicos: a luz que rompe as trevas da escuridão e, na vitória de Cristo sobre a morte, ilumina toda a humanidade e o mundo  O canto do Exulted, juntamente com o Glória e o Aleluia, que voltam a ser cantados, proclamam que os que crucificaram a Jesus não têm a última palavra, mas que a última palavra é de Deus que, na ressurreição de Jesus, faz justiça ao que pendeu do madeiro e a todos os que, junto com Jesus, foram e são crucificados por causa da justiça do Reino de Deus. Por isso, com o apóstolo Paulo cantamos: “A morte foi tragada pela vitória; onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?”

A DATA DA PÁSCOA

A Páscoa é uma “festa móvel”, ou seja, a data muda a cada ano. Isso se deve ao fato de ser uma festa de origem judaica. Para marcar suas festas, os judeus usavam o calendário da Lua. No ocidente usamos o calendário solar. Por isso a variação de datas. No primeiro Concílio cristão (Nicéia, 325 d.C.), a Igreja manteve como critério para marcar a data de Páscoa o calendário lunar. A festa da Páscoa é celebrada no primeiro domingo após o aparecimento da lua cheia, na estação da primavera do hemisfério norte. Para nós que estamos no hemisfério sul, é outono.


CONTINUANDO: PARA QUE A LIBERDADE.

O segundo estágio da liberdade é bem situado, quando buscamos saber o “para que”. Não basta querer a liberdade, a todo custo, se não se busca um foco de valores para investir esta riqueza, tão preciosa quanto a vida. O “para que” da liberdade é que vai nos tornando livres ou escravos.

De que servem nossas pernas ágeis se não sabemos para onde dirigir nossos passos? Para que serve o melhor material de construção se não sabemos que casa vamos construir? Para que serve a mais elevada inteligência se a vida não tem direção e nem sentido? Para que servem nossas forças se nossas intenções estão voltadas para o mal?
Se desejarmos a liberdade para qualquer coisa não somos verdadeiramente livres, mas condenados à indecisão, à instabilidade e à angústia. Uma vez que superamos certas escravidões externas ou internas necessitamos defender a liberdade conquistada, garantindo que outras formas de escravidão retornem. A autodisciplina, a organização da vida e seus projetos nos tiram do deserto de uma vida sem defesa e sem seguranças.
A liberdade que se conquista precisa abrir caminhos de possibilidades, de realizações autênticas, de solidariedade e conversão que nos possibilitem sermos homens e mulheres novos, que nos aproximem dos valores propostos pelo evangelho. A liberdade nos deve possibilitar viver conforme nossa vocação. Isso implica numa alegre responsabilidade diante da vida que é dom e tarefa.
Para que a liberdade? A essa pergunta somos convidados a responder por uma opção fundamental que se torna a base de nosso viver e de nosso agir. Saber para que vivemos, para que agimos, para que lutamos e para que escolhemos este ou aquele caminho ou estado de vida.
Assim, a liberdade se manifesta como uma energia a serviço de um ideal de vida, como uma fonte a serviço da fecundidade e da esperança, como possibilidade de criatividade e iniciativas, como capacidade de autodeterminar-se para o bem e assumir decisões por motivos válidos. Para nós, cristãos, a liberdade é alguém, Jesus de Nazaré, morto e ressuscitado.
Por esta liberdade, que leva a marca de autenticidade, necessitamos um projeto de vida a realizar. Ali se configura o conteúdo válido da nossa desejada liberdade. Um bom projeto de vida, na medida alta, impele o presente a movimentar-se para frente. Há uma vida escondida em nós que sustenta o nosso esperar. Roger Schutz dizia que a pessoa sem esperança ancorada no coração, perde o gosto e a coragem de avançar. Portanto, a liberdade existe para a esperança e a esperança alimenta o desejo de liberdade.
Quanto mais a liberdade se torna capacidade de amar, mais livres seremos e menos leis se fazem necessárias. É por esta razão que o melhor projeto de vida que nos forma livres é aquele que garante o aprendizado e a vivência do amor. Então conseguiremos ser livres para amar.



CRISTIANISMO: RELIGIÃO OU A SAÍDA DA RELIGIÃO?

Com a morte de Jesus e a experiência de sua ressurreição, seus seguidores começaram a anunciar seu nome e um movimento de fé criou-se em torno dele. E essa fé necessitava de uma religião para expressar-se. Por isso, tomou os ritos do judaísmo e acrescentou outros.

O Cristianismo nascente tentou ficar dentro da sinagoga. Não foi possível e o próprio Paulo - judeu filho de judeus - com muita dor na alma, foi quem chefiou o movimento de ruptura e ida aos gentios. Espalhou-se pelo mundo a nova proposta, cresceu e configurou todo o ocidente. Aquilo que começara humildemente em Nazaré da Galileia, tornava-se, sobretudo depois do século IV, a religião mais poderosa e hegemônica do mundo.
Foi preciso que houvesse a virada da modernidade, o declínio do mundo teocêntrico medieval, que o Cristianismo perdesse o poder que tinha de instância normativa dentro da sociedade, para que aparecesse a verdade inicial em toda a sua pureza. O Cristianismo não é uma religião. Ou, se for, é uma religião da saída da religião. É um caminho de fé que opera pelo amor, um estilo de viver, nas pegadas de Jesus de Nazaré, que passou pelo mundo fazendo o bem. O que isso quer dizer para nós hoje? Que tudo que é religioso é mau? De forma alguma.
Os gestos, os rituais, as normas, as fórmulas religiosas são boas, desde que enunciem a verdade de uma fé, de um sentido de vida que se expressa na abertura a Deus e ao outro. E por isso são relativas. Pode ser que algumas expressões religiosas que foram muito adequadas a determinada época histórica sejam extremamente inadequadas a outra ou outras. O único absoluto é Deus. O resto... é resto mesmo. Isso é que, hoje como ontem, o Cristianismo é chamado a proclamar diante do mundo.

BRASIL RUMO A REFORMA AGRÁRIA.

Caiu mais um ministro, o do Desenvolvimento Agrário. Nomeado o novo: Pepe Vargas (PT-RS), que foi prefeito de Caxias do Sul por dois mandatos e mantém boas relações com o MST. A esperança é que a presidente Dilma Rousseff tenha dado o primeiro de três passos urgentes para o Brasil não ficar mal na foto do “concerto das nações”, como diria o Conselheiro Acácio. Os outros dois são o veto ao Código Florestal proposto pelo Senado e uma nova política ambiental e fundiária que prepare bem o país para acolher, em junho, a Rio+20.
A questão fundiária no Brasil é a nódoa maior da nação. Nunca tivemos reforma agrária. Ou melhor, uma única, cujo modelo o latifúndio insiste em preservar: quando a Coroa portuguesa dividiu nossas terras em capitanias hereditárias.
Desde 2008, o Brasil ultrapassou os EUA ao se tornar o campeão mundial de consumo de agrotóxicos. E, segundo a ONU, vem para o Brasil a maioria dos agrotóxicos proibidos em outros países. Aqui são utilizados para incrementar a produção de commodities.
Basta dizer que 50% desses “defensivos agrícolas” são aplicados na lavoura de soja, cuja produção é exportada como ração animal. E o mais grave: desde 1997 o governo concede desconto de 60% no ICMS dos agrotóxicos. E o SUS que aguente os efeitos... nos trabalhadores do campo e em todos nós que consumimos produtos envenenados.
Os agrotóxicos não apenas contaminam os alimentos. Também degradam o solo e prejudicam a biodiversidade. Afetam a qualidade do ar, da água e da terra. E tudo isso graças ao sinal verde dado por três ministérios, nos quais são analisados antes
de chegarem ao mercado: Saúde, Meio Ambiente e Agricultura.
É uma falácia afirmar que os agrotóxicos contribuem para a segurança alimentar. O aumento do uso deles em nada fez decrescer a fome no mundo, como indicam as estatísticas.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tenta manter o controle sobre a qualidade dos agrotóxicos e seus efeitos. Mas, quando são vetados, nem sempre consegue vencer as pressões da bancada ruralista sobre outros órgãos do governo e, especialmente, sobre o Judiciário.
A Cúpula Mundial do Meio Ambiente na África do Sul, em 2002, emitiu um documento em que afirma que a produção mundial de alimentos aumentou em volume e preço (devido ao uso de agrotóxicos e sementes transgênicas). À custa de devastação dos solos, contaminação e desperdício da água, destruição da biodiversidade, invasão de áreas ocupadas por comunidades tradicionais (indígenas, clãs, pequenos agricultores etc.). Fica patente, pois, que a chamada “revolução verde” fracassou.
Hoje, somos 7 bilhões de bocas no planeta. Em 2050, seremos 9 bilhões. Se medidas urgentes não forem tomadas, há de se agravar a sustentabilidade da produção agrícola.
Diante desse sinal amarelo, o documento recomenda: reduzir a degradação da terra; melhorar a conservação, alocação e manejo da água; proteger a biodiversidade; promover o uso sustentável das florestas; e ampliar as informações sobre os impactos das mudanças climáticas.
Quanto aos primeiro e terceiro itens, sobretudo, o Brasil marcha na contramão: cada vez mais se ampliam as áreas de produção extensiva para monocultivo, destruindo a biodiversidade, o que favorece a multiplicação de pragas. Como as pragas não encontram predadores naturais, o recurso é envenenar o solo e a água com agrotóxicos. E com frequência isso não dá resultado. No Ceará, uma grande plantação de abacaxi fracassou, malgrado o uso de 18 diferentes “defensivos agrícolas”.
Tomara que o ministro Pepe Vargas consiga estabelecer uma articulação interministerial para livrar o Brasil da condição de “casa da mãe Joana” das multinacionais da insustentabilidade e da degradação do nosso patrimônio ambiental. E acelere o assentamento das famílias sem-terra acampadas à beira de rodovias, bem como a expropriação, para efeito social, de terras ociosas e também daquelas que utilizam mão de obra escrava.
Governo é, por natureza, expressão da vontade popular. E a ela deve servir. O que significa manter interlocução permanente com os movimentos sociais interessados nas questões ambiental e fundiárias, irmãs siamesas que não podem ser jamais separadas.

VAMOS NOS CORRIGIR

Somos assim. Pregador da fé não gosta de ser corrigido nem pelo seu melhor amigo, muito menos por alguém menos culto e menos santo do que ele. É por isso que poucos pregadores se atrevem a pregar aos colegas pregadores. Se falar do padre que bebe ou do pastor que faz milagres falsos não será ouvido. Ele também tem seus pecados.
Se falar do padre ou pastor que exagera na arrecadação será ridicularizado. Se falar de afetos de mundanidade, de vulgaridade de relações suspeitas com homens, de pedofilia, de moças, não será ouvido. Sabe lá se ele também não tem suas misérias!
O medo de corrigir o outro e de aceitar correção nos torna ainda mais sujeitos ao erro. Nossos telhados de vidro nos acovardam. Mas frota de aviões nas quais nenhum corrige seus pequenos desvios de rota corre o risco de espatifar-se na montanha. Não cai apenas um avião. Caem muitos!