quarta-feira, 11 de abril de 2012

O BATE-PAPO DO SANTO E O COMUNISTA


O tão esperado encontro, que permaneceu incerto até o último momento, ocorreu por volta das 12h30 do dia 28, pouco antes de Bento XVI retornar a Roma. Na Nunciatura Apostólica de Havana, Bento XVI e o ex-líder cubano Fidel Castro falaram por cerca de 30 minutos. De um lado, Fidel, quase 86 anos, jaqueta escura, cachecol no pescoço, bastante debilitado e sustentado pela esposa Dalia e dois de seus filhos. De outro, o Papa, que neste mês completa 85 anos.
Fidel mostrou-se muito curioso a respeito das atividades do Papa. “Agora que não tenho mais responsabilidades de governo, passo o tempo lendo e refletindo. Como o senhor faz para ainda desempenhar o seu serviço?”, perguntou o ex-guerrilheiro. “Eu sou velho, mas ainda consigo desempenhar o meu dever”, respondeu o Pontífice.
Ex-aluno dos padres jesuítas, o revolucionário ateu Fidel, que permaneceu no poder por quase 50 anos (de 1959 a 2008), disse que acompanhou a visita pela TV e percebeu variações na liturgia em comparação com quando era jovem. Gentilmente, o Papa explicou-lhe como a missa mudou. Por fim, Castro indagou sobre como é o trabalho de uma Papa e sua missão. “O Papa está a serviço da Igreja universal”, respondeu Bento XVI.
Depois, Fidel se alegrou com a beatificação de João Paulo II e de Madre Teresa de Calcutá, grande benfeitora de Cuba. Fidel mostrou-se interessado sobre questões religiosas e pediu que Bento XVI lhe envie livros sobre “a essência de Deus” e sobre a relação entre ciência e fé. Por fim, um caloroso aperto de mãos celou o encontro entre o Papa teólogo e o pai da revolução cubana. Bento XVI resumiu o encontro como proveitoso, intenso, animado e “com muitas trocas de argumentos”.

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