quarta-feira, 11 de abril de 2012

CONTINUANDO: PARA TER LIBERDADE É PRECISO ESTAR JUNTOS


Nunca nos tornaremos autenticamente livres sozinhos, de modo individualista, como pequenos burgueses fechados em nosso palácio de cristal. Para nos libertar de certas estruturas opressivas pessoais e comunitárias, para romper certas cadeias, para superar certas escravidões e alcançar a liberdade na medida de uma vida digna, não é suficiente o esforço pessoal.
Tornamo-nos livres, juntos, com quem vivemos, com quem condividimos esforços, empenhos e objetivos comuns. Aqui deve acontecer um salto de qualidade que a liberdade necessita fazer para amadurecer. É tão fácil enganar-nos, achando que a conquista da liberdade se deve fazer movidos pelo impulso natural do individualismo. É exatamente assim que se criam os verdadeiros ditadores e dominadores.
O cultivo da liberdade autêntica implica na capacidade de sabermos estar juntos, renunciando a certos pontos de vista pequenos a fim de alargar o horizonte, acolhendo o ponto de vista do outro e dos outros. A superação do “eu” para o “nós” é um empreendimento exigente, mas sempre compensador, pois o mais verdadeiro sonho é aquele que sonhamos juntos.
O estreitamento da liberdade que vai criando prisões invisíveis em nós, acontece na proporção do fechamento sobre nós mesmos. Quanto mais egoístas, menos livres, quanto mais altruístas e solidários, maior é a liberdade.
Ser livre junto a... torna-nos responsáveis! Preciso responder a alguém, dar razões de minhas escolhas. Sou convocado pelo grupo humano, no qual convivo, a colocar-me em relação a partir da cordialidade e não da pesada obrigação. A cordialidade faz crescer a liberdade no amor e não no temor.
Paulo de Tarso tem uma página admirável referente ao ser livre junto a...: “Ainda que livre em relação a todos, fiz-me o servo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. Para os judeus, fiz-me como judeu, a fim de ganhar os judeus... Para os fracos fiz-me fraco, a fim de ganhar os fracos. Tornei-me tudo para todos, a fim de salvar alguns a todo o custo. E isto tudo eu faço por causa do Evangelho, para dele me tornar participante”.
A liberdade que vai sendo conquistada junto aos outros, necessariamente nos dispõe ao serviço dos outros e o serviço que exercitamos vai nos tornando verdadeiramente livres da própria prisão. O fundamento último da liberdade é o amor a Deus e o amor ao próximo.
Neste caminho de liberdade junto a... necessitamos nos abrir à obediência. Quando a liberdade vai se tornando responsabilidade, assume como normal o caminho da obediência. A independência absoluta elabora uma caricatura de liberdade. O espontaneísmo é uma barreira à obediência.
A autêntica obediência pressupõe a liberdade, como a verdadeira liberdade se nutre de obediência responsável. Quando se imagina que liberdade se opõe à obediência e a obediência tolhe a liberdade, complicamos a relação de duas dimensões que se reclamam mutuamente. Cristo foi o homem mais livre da terra e da história e foi também o mais obediente dos humanos.

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