Cercado dos seus discípulos, um homem de Deus
caminhava por uma estrada em péssimo estado. Tudo servia como motivo para
instruir seus seguidores. No meio da manhã encontraram um carro de bois atolado
no barro. Ao lado, um homem piedoso, de joelhos, pedia que Deus o ajudasse
tirando o carro do atoleiro. Todos olharam o devoto, sensibilizaram-se e
prosseguiram o caminho. Alguns quilômetros adiante encontraram um outro homem
com o carro atolado no lamaçal. Este, porém, esbravejava contra o governo e
contra Deus, enquanto fazia todo o esforço para liberar o carro.
O homem de
Deus, para espanto dos discípulos, decidiu ajudá-lo e o carro retomou sua
jornada. Os aprendizes, surpresos, ponderaram ao mestre: senhor, o primeiro
homem orava, era piedoso e não o ajudamos. Este, que era rebelde e blasfemava,
recebeu nosso auxílio. Qual a razão? Sem se perturbar, o mestre esclareceu:
aquele que orava, aguardava que Deus viesse fazer a tarefa que a ele competia. O
outro, embora transtornado, estava lutando e por isso mereceu nosso
auxílio.
Nem sempre sabemos orar. Até os apóstolos, um dia, suplicaram ao
Mestre que Ele os ensinasse a rezar corretamente. Rezar não pode servir de
desculpa a preguiçosos. Não podemos pedir a Deus que faça o que seria nossa
obrigação. Rezar não é tentar mudar a vontade de Deus. A oração vai por outro
caminho. É partir da certeza de que Deus é Pai e quer nossa felicidade. Nossa
oração deve ter como objetivo conhecer a vontade de Deus para que nós possamos
fazê-la acontecer.
Não é correto, em nossa prece, pedir que Deus remova
alguns obstáculos que nós mesmos colocamos no caminho. Só depois que tivermos
feito a nossa parte temos o direito de pedir a força que vem do alto.O primeiro
homem que caiu no atoleiro confiou a Deus toda a tarefa. O segundo, pelo menos,
estava fazendo o que lhe competia. De alguma maneira, ele também tinha convicção
que Deus falhara em algum ponto.
Rezar é colocar-se, com a atitude de filhos,
diante do Pai. E na oração ensinada por Jesus aparece uma escala de valores em
nossa prece. Antes de tudo devemos lembrar que Ele é Pai de todos e que está em
toda a parte. Com nossa voz santificamos o Nome, o Reino e a sua Vontade. Isto
convém aos filhos. Só depois, lembra as necessidades dos filhos, a partir do pão
de cada dia. Lembramos ainda nossa pobreza e suplicamos que Ele nos livre dos
atoleiros e nos dê a graça de saber perdoar a todos.
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