Quando se reduz o conceito de festa a comes e bebes;
quando se acha que festa é barulho, fogos e balões; quando se imagina a festa
com altos gastos, a serem consumidos num momento tão fugaz; quando se
atribui à festa um espaço de direitos e nenhum dever; quando se entende a
festa como fuga do real, denota-se que não se está entendendo a dimensão
festiva como ampla possibilidade de vida.
Há tempo foi escrito um livro
que despertou interesse e continua fazendo sucesso: “Comunidade, lugar do perdão
e da festa”, cujo autor é um oficial da Marinha, chamado Jean Vanier. Movido
pela ação do Espírito e auxiliado por um frade dominicano, passa a morar com
deficientes mentais. Ali foi provando a alegria de ver como a vida comunitária
contribui para o crescimento humano e cristão de todos os que se encontravam
unidos no amor de Cristo, fonte de aceitação mútua, de perdão e de festa.
Na
obra “Comunidade, lugar do perdão e da festa”, o autor vai mostrando que a fé
não tira e nem esconde as dificuldades e problemas das pessoas e da
comunidade. Esta experiência da chamada “Arca”, está se expandindo por todo o mundo. Amplia-se a verdade libertadora da experiência
comunitária, animada pelo perdão e pela festa.
Perdão não é um ato
momentâneo de quem ofende e é ofendido, mas é uma atitude de vida. Desde o
amanhecer nos deparamos com limites pessoais e pessoas limitadas. O exercício do
perdão revela, em primeiro lugar, aceitação de si mesmo e dos outros. Aceitar
não significa “deixar como está para ver como fica”, mas admitir um ponto de
partida possível para acreditar, caminhar e crescer. A capacidade do perdão é um
requisito básico para se conviver em paz e exercitar o amor.
Perdão e festa
andam juntos. A melhor festa é a permanente alegria e satisfação que brota
do coração de quem vive por amor e para o amor. Quando a vida vira
festa, a convivência se torna o grande remédio para nossas curas e
quando nos vemos melhores a festa da convivência aumenta sempre mais.
O VII
Encontro Mundial das Famílias ocorrido em Milão neste ano celebrou o tema “A
família: o trabalho e a festa”. Trabalho e festa são componentes decisivos na
vida familiar. Confirma-se que, se a comunidade é o lugar do perdão e
da festa, a família também é o lugar do trabalho e da festa.
No encontro
mundial, num diálogo com uma menina do Vietnã de sete anos,
ele contava sua experiência familiar: “O ponto essencial para nossa família era
o domingo, mas o domingo começava já no sábado...Toda a família cantava... O Pai
tocava cítara e meu irmão é um grande músico. Formávamos um só coração e uma só
alma, mesmo em tempos difíceis de guerra e de pobreza... As coisas pequenas nos
faziam felizes, porque eram expressão do coração do outro...quando procuro
pensar como vai ser no Paraíso, sempre me parece que será como no tempo
da minha infância e juventude”.
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