sexta-feira, 21 de setembro de 2012

É PROIBIDO NÃO SONHAR

Destino ou coincidência, Katia de Souza e Juliana Flausina conseguiram emprego na mesma loja de calçados, na cidade goiana de Rio Verde. Logo começaram a chamar a atenção pela semelhança. Vocês são irmãs? A pergunta era feita com insistência. Apenas amigas, respondiam. A amizade foi crescendo, mesmo porque as duas tinham os mesmos gostos. Em casa, Kátia e Juliana comentavam o fato. Vendo as datas de nascimento, ocorrido na mesma maternidade, as suspeitas cresceram. A palavra final foi dada pelo exame de DNA: as duas eram realmente irmãs. Ai foi necessário trabalhar a outra dimensão entre as mães biológicas e as mães de criação e os outros filhos. Felizmente tudo acabou bem e as duas famílias assumiram a realidade, com forte vinculação afetiva.
O fato pode ser trabalhado à luz da Bíblia. Já em seus primeiros capítulos, Caim elimina seu irmão Abel e tenta fugir do questionamento de Deus: “Por acaso sou o guarda do meu irmão?”. Mais adiante encontramos a narrativa de Jacó e do filho José, vendido como escravo pelos irmãos aos mercadores egípcios. Uma terrível seca leva os filhos de Jacó a comprar trigo no Egito, onde José controlava os celeiros do rei. Depois de situações tensas, José revela: “Eu sou José, o irmão de vocês” . 
Pastor e profeta, Martin Luther King dizia ter um sonho, o sonho da fraternidade. Um dia, sonhava ele, cairiam as barreiras e divisões. Brancos ou negros, ricos ou pobres, jovens ou velhos, homens ou mulheres, árabes ou judeus, católicos ou evangélicos se dariam as mãos, com a diversidade tornando-se riqueza. Seria o inverso do ciúme e do ódio de Caim, que trouxe morte; o amor apenas traz vida. A humanidade será totalmente feliz no dia em que todos admitirem: você é meu irmão, você é minha irmã. Seria o fim das guerras, da violência, do desrespeito pela dignidade dos filhos e filhas de Deus.
No Antigo Testamento os judeus privilegiavam a Lei, a Torá. Jesus não vem ensinar um sistema jurídico, mas o amor. Os conterrâneos de Cristo contaram os mandamentos e chegaram a uma cifra espantosa: nada menos de 632. Jesus reduz tudo isso a um único amar a Deus e ao próximo. “O que vos mando é isto: amem-se uns aos outros”.
A humanidade não levou a sério o pedido de Jesus, já que Caim fez e faz escola. O ódio, as exclusões, a guerra sinalizam a história da humanidade. E nada trouxeram de positivo. Hoje constatamos que a humanidade, que não acolhe o mandamento do amor, se obriga a viver sob a lei do temor. Temos medo de tudo. Curiosamente, o amor não tem contraindicações. Por isso, precisamos continuar sonhando com Luther King. Hoje, amanhã, no próximo milênio, quem sabe, a escuridão do ódio desapareça e as pessoas se deem conta: somos irmãos. E antes que a humanidade chegue a esta conclusão, você pode, você deve passar do sonho para a realidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário