quinta-feira, 19 de julho de 2012

UM POUCO DE ATENÇÃO


Três décadas atrás, lideranças rurais da Serra gaúcha corriam ziguezagueando, esquivando-se de rigoroso esquema de segurança, para entregar carta reivindicatória dos viticultores. Entre os pedidos, mais fiscalização interna e nas fronteiras, menos impostos e medidas para elevar o consumo de vinho.
Na semana passada, produtores de vinho comum entregaram documento ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Gilberto Pepe Vargas. Eles solicitam desoneração tributária, ações para aumentar o consumo per capita de vinho no Brasil e um sistema diferenciado de arrecadação de tributos para pequenas vinícolas.
O atual titular do MDA era um líder estudantil quando, em 1981, sindicalistas faziam peripécias e desafiavam a truculência de seguranças para chegar a um assessor do ministro da Agricultura ou do presidente da República. Essas lembranças revelam que nem com a volta da democracia, com a alternância ideológica nos governos eleitos, com a passagem de pelo menos um terço de uma vida humana essa categoria conseguiu o atendimento a questões básicas. O pouco que foi feito, com a destinação de recursos para programas especiais, como o Fundovitis, é insuficiente.
Os números atuais são muito preocupantes. Nos últimos cinco anos quase dobrou a produção gaúcha de uvas comuns, as vendas de vinhos encolheram 6,5% e os estoques não pararam de subir. Viticultores são obrigados a vender o vinho de mesa por valor inferior ao preço de custo, prática suicida em qualquer segmento econômico - tanto que dezenas de cantinas já fecharam as portas.
Muitos dos que sofrem hoje são os mesmos que há 30, 40 anos pedem ajuda para continuar produzindo na área rural com um pouco de dignidade. Não querem as bilionárias somas que já beneficiaram bancos. Precisam do mínimo, que pode começar pelo estímulo, mas que tem de avançar com ações concretas e urgentes.

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