quinta-feira, 19 de julho de 2012

CALCÁRIO É NECESSÁRIO PARA PRODUZIR GRÃOS


Destaque mundial na produção de grãos, o Brasil é apontado como principal celeiro para alimentar uma população mundial estimada em nove bilhões de pessoas em 2050. A abertura de fronteiras agrícolas e a descoberta de novas tecnologias para atender essa demanda está diretamente ligada à correção do solo, mais especificamente ao calcário. “Sem calcário nós não seríamos ninguém na agricultura”, afirma o pesquisador da Embrapa, João Kluthcouski.
A utilização de calcário tem dois objetivos. O primeiro: suprimento de cálcio e magnésio. O segundo: correção de acidez do solo. “O calcário é uma absoluta necessidade para produzir grãos”, completa. O produto extraído das jazidas ajuda a corrigir o solo, tornando-o mais permeável, e melhora a absorção dos nutrientes pelas plantas, principalmente a soja e o milho. “O solo brasileiro é dependente do calcário e não se consegue produzir sem o insumo”, afirma Vitor Hugo Johnson, presidente do Sindicato das Indústrias de Extração de Mármores, Calcário e Pedreiras do Paraná (Sindemcap).
Entretanto, a calagem não está presente no dia a dia dos produtores como devia, e isso impede que a produção seja maior. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal), Oscar Alberto Raabe, para uma correção ideal do solo, o Brasil deveria consumir em média 63 milhões de toneladas de calcário por ano, mas em 2011 usou apenas 30 milhões.
“Um produtor que coloca uma tonelada de adubo deveria colocar 2,5 toneladas de calcário para atender o nível estável de correção de solo e de produtividade, mas a realidade é outra: a proporção usada é geralmente uma porção de fertilizante para uma de calcário”, comenta Raabe.
Desperdício - Raabe ainda enfatiza que se a quantidade ideal estimada fosse usada, a agricultura brasileira aumentaria em 65% na produção de grãos. Nas condições de solo do país hoje, no mínimo 30% do fertilizante não são aproveitados pela planta por causa da acidez. “Pelo menos 30% de 30 milhões de toneladas resulta em cerca de 9 milhões de toneladas de fertilizantes postas fora. Essas toneladas de adubo que não são utilizadas, a um preço médio de R$ 1.000/tonelada, são R$ 9 bilhões que são desperdiçados por não ser feita correção adequada de solos”, estima.
Para o presidente da Abracal, o baixo consumo do calcário no país se deve a falta de conhecimento do produtor e um incentivo maior por parte do governo. “Os 50% que deveriam ser usados, e não são, precisam é de divulgação”, pontua. Ele lembra que é um produto essencialmente nacional, com uma relação custo-benefício alta e com comprovado aumento de produtividade.
A aplicação do calcário varia de região para região. No Sul do país, por exemplo, a aplicação recomendada é de seis em seis mesesaté dois meses antes do plantio. “A demanda atual se mantém forte até agosto, quando tradicionalmente ocorre o pico do consumo”, conclui Raabe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário