terça-feira, 3 de julho de 2012

PERDERAM UMA BELA OPORTUNIDADE

Somente ingênuos ou otimistas exagerados poderiam esperar que a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, fosse o marco para a adoção de um modelo que associe crescimento econômico com preservação ambiental. Uma mudança tão profunda como esta não se dá em uma conferência, por maior abrangência e representatividade que ela alcance.
O bom senso induzia a expectativas moderadas, quem sabe um acordo que priorizasse o social, considerando o drama de centenas de milhões de famintos e sedentos, e o cuidado com os recursos naturais do planeta.
Nada disso ocorreu. O evento que reuniu cerca de 45 mil pessoas e negociadores de 193 países encerrou apenas com a perspectiva de que temas voltem a ser analisados em reuniões futuras, como se a vida na Terra fosse um assunto adiável. A falta de ambição foi denunciada por ambientalistas, especialistas e, estranhamente, até por governantes cujos representantes aprovaram o texto. Não foi dado nenhum passo significativo para unir expansão econômica com defesa da natureza, duas variantes que deveriam estar sempre em consonância, mas que seguem em total desarmonia.
Nem o teórico saldo de que o desenvolvimento sustentável se transforme em paradigma nos aspectos social, ambiental e econômico pode ser festejado. Pelo menos na Rio+20 não houve retrocessos, mas isso é muito pouco.
Projeções indicam que em 2030 haverá 9 bilhões de habitantes no planeta e, para atender a demanda, se o atual nível de consumo for mantido, serão necessárias duas Terras. Como disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, nesse ritmo não é a Terra que vai acabar, mas sim a humanidade. A Rio+20 é mais uma oportunidade histórica de mudar desperdiçada

Nenhum comentário:

Postar um comentário