Para os recursos daqueles dias e daqueles tempos, a
mídia do imperador era mais do que poderosa. Em poucos dias Roma inteira era
informada do que ele quisesse e como ele quisesse.
Quando no ano 64 Nero
incendiou Roma, havia muitas tramas no perigoso jogo do poder. Em Roma,
imperadores eram mortos por qualquer “dá cá aquela palha”. Era só questão de
conseguir aliados. Um incêndio daria fôlego político a Nero. A reconstrução, a
solidariedade, os empregos, a honorabilidade e o orgulho romano, tudo o ajudaria
a ficar no poder. Incendiar era fácil. As casas eram geminadas, próximas, havia
muito pano e, além disso, não precisaria ser Roma inteira. Bastaria uns
quarteirões chamativos.
Foi o que ele fez. Numa noite Roma ardeu em fogo. No
dia seguinte e em menos de uma semana acharam os culpados: os seguidores de um
bandido galileu rebelde crucificado, chamado Cristo, que em Jerusalém desafiara
Roma trinta anos antes. Era vingança. Seus seguidores eram todos
terroristas…
O historiador Tácito disse que nunca se poderia provar que a
ordem partira de Nero, mas os rumores acusavam o palácio. O esperto imperador
deu um jeito de desviar a atenção achando os culpados na oposição e fora do
palácio. Morreram milhares, empalados, crucificados ou queimados.
É próprio
de quem detém o poder roubar, matar, tramar e, já que também detém razoável
parcela da mídia, jogar ao povo simples e satisfeito pão e circo. É próprio de
quem corteja o trono pôr a culpa no ocupante.
Em nosso país, a cada dois
anos, governo e oposição baixam o nível, um acusando o outro de desmandos. A
isso chamam de campanha política. Precisam desacreditar quem fez, diminuindo o
que fez e sentem necessidade imperiosa de demolir a pessoa e o partido que
poderia ou ficar ou subir ao poder.
São todos neronianos. Lembram a
estratégia do imperador romano corrupto que precisava sobreviver e não hesitou
em crucificar os inocentes para salvar seu trono. Ontem, a mídia maldosa de Nero
e dos opositores. Hoje, a mídia maldosa dos governistas e da oposição. Admitir o
que houve de bom ou o que há de bom? Nunca! Candidato ao poder não pode ser
honesto a ponto de elogiar o que o outro fez ou faz de bom. Foram treinados para
atacar e atacam. É briga grande de hienas contra pitbulls…
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário