terça-feira, 24 de julho de 2012

SUICÍDIO ORTODOXO

A Espanha está sentenciada de morte pelos mercados.Sete meses depois de submeterem o país a uma terapia tóxica que esfarelou direitos trabalhistas, penalizou a infraestrutura, corroeu serviços públicos e abandonou 25% da população ao desemprego, obsequiosos ministros de Estado admitiam nesta 2ª feira: "A situação escapa à ação dos  governantes". O descontrole condensa-se em juros da ordem de 7,5% exigidos pelos investidores para financiar o Tesouro espanhol, refém de elevadas captações até o final do ano. A receita fiscal foi corroída pela endogamia entre recessão e 'austeridade', cujo objetivo era ganhar 'a confiança dos mercados', que agora deixam a despesa pública ao desamparo de taxas asfixiantes. A bola de neve joga a Espanha na sebosa ladeira da moratória, onde se encontram os despojos da Grécia, Portugal e Irlanda. Algo tardio, o ministro da Economia, Luis de Guindos, criticou a 'irracionalidade dos mercados', enquanto cedia -a exemplo da Itália-- ao pecado da regulação, proibindo operações especulativas em Bolsa. O velório espanhol confirma: não existe saída para a crise dentro do marco neoliberal; por tabela, fulmina quem equipara o suicídio ortodoxo ao 'novo normal' da história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário