terça-feira, 24 de julho de 2012

JUVENTUDE RURAL ABANDONA O CAMPO


Cerca de 120 mil propriedades rurais gaúchas não têm sucessor definido
 A agricultura familiar, responsável por 70% da produção de alimentos que chegam às mesas do Brasil, está ficando sem sucessor. Há oito milhões de jovens de 15 a 29 anos que vivem no campo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Três milhões deles permanecem analfabetos”, alerta a secretária de Jovens Trabalhadores Rurais da Contag, Maria Elenice Anastácio.
A falta de herdeiros afeta o Rio Grande do Sul. O Estado possui 2.640.642 jovens, sendo que 336.026, o equivalente a 12,07% desse total, vivem no meio rural. Estimativas da Emater/RS apontam que mais de 30% das propriedades da agricultura familiar gaúcha não têm sucessor. Além disso, estudos da Universidade Federal do RS garantem que 54% dos rapazes e 74% das moças não pretendem ficar na atividade.
O cenário é desafiador. “Mulheres de 15 a 19 anos e homens de 20 a 24 anos têm optado por migrar para áreas urbanas”, disse a assistente técnica de juventude rural da Emater/RS, a psicopedagoga Vera Carvalho. “Em função disso, o campo está envelhecendo, pois não há sucessores nas propriedades”, enfatiza.
O esvaziamento rural preocupa toda a sociedade. “O desafio que se coloca aos gestores, movimentos sociais, sociedade civil, enfim a todos aqueles que sonham com um rural com gente, é somar esforços no sentido de encontrar alternativas eficientes que favoreçam a permanência do jovem no meio rural, produzindo alimentos saudáveis”, afirma a Vera.
“A sucessão rural não é apenas uma simples questão de responsabilidade familiar, restrita às relações de transmissão da propriedade da terra e herança”, opina Elenice. A dirigente afirma que a sucessão está relacionada com o direito de a juventude permanecer no campo, com garantia de acesso à terra, sustentabilidade ambiental, condições de trabalho decente e políticas públicas diferenciadas, sobretudo a educação.

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