terça-feira, 3 de julho de 2012

A MARAVILHOSA ALEGRIA DE FRANCISCO

Começamos lembrando o que São Francisco disse de si mesmo: “O Senhor me disse que queria fazer de mim um novo louco no mundo e Ele não quer dar-me outra sabedoria, a não ser essa” . Francisco sabia que a pessoa não é só razão, ou trabalho, ou adoração, ou palavra, ou somente corpo. A pessoa é também festa, celebração, espontaneidade, humor, fantasia, criatividade etc...
Ao natural, Francisco era alegre e de um temperamento jovial e festivo. A conversão não anulou essa tendência, mas a potencializou a ponto de transbordar no cântico das criaturas, composto no momento mais crítico de sua vida, quando nada o favorecia. Francisco sabia que a alegria é um dom de Deus. Merece ser respeitado, acolhido e comunicado. Isso o fazia uma pessoa de fina cortesia e fineza de espírito. O primeiro biógrafo diz que ele “acolheu a morte cantando”.
A literatura do Romantismo atribui a Francisco o título de trovador, jogral, cavalheiro e artista . Esse novo modo de aparecer no cenário da história poderia ter enterrado Francisco no esquecimento, se apenas fosse visto na ótica da eficiência e da produtividade. Um olhar utilitarista e capitalista jamais se interessaria por um tipo de louco assim.
Com suas loucuras e extravagâncias, Francisco se inseria no ambiente sócio-cultural mais popular, porém, sem se identificar com o mesmo. Assume a ironia, o cômico, o festivo e a jovialidade, como caminho de aproximação para alcançar os seus objetivos humanos e evangélicos. Toda essa estrutura cavalheiresca revelava a sua maneira singular de relação com Deus, com a Igreja, com as pessoas, com a pobreza, com a vida e com a morte.
Na alegria de Francisco há uma forma de profecia. De um lado ele anuncia um jeito livre e feliz de viver, mas também denuncia a escravidão da ganância, do poder e do nervosismo desgastante do insaciável desejo de acúmulo. Todos percebiam que ele era muito mais alegre e feliz do que seu pai, dominador e ganancioso. Ele “gostava de alegrar-se e cantar, andando a toa em Assis, dia e noite, com um grupo de amigos”.
O temperamento festivo de Francisco não se manifestava somente quando a vida lhe sorria e a boa sorte o acompanhava, mas também nos momentos de infortúnio, solidão e desespero. Assim o confirmou na prisão durante a guerra entre Perúgia e Assis onde “zombava e ria das correntes”.
Quando se sente envolvido com a presença total de Deus, sabe que Ele o convida a uma nova viagem em sua existência. Francisco vê-se tomado de um incontida alegria, expressa em saltos, cantos e gestos. Deus não era símbolo da lei, mas uma festa e uma celebração constante de vida e amor.
Quem assistiu o filme “Irmão Sol, Irmã Lua”, lembra Francisco inaugurando a igrejinha de São Damião e a festa da criação que celebrava o Deus próximo do povo, e a proximidade do povo com seu Deus.

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