quarta-feira, 21 de março de 2012

UM DOM E UMA CONQUISTA: ISTO É A LIBERDADE

Há sempre um enigma que rodeia a liberdade. Percebemos o sentimento espontâneo desta misteriosa realidade que carregamos, mas quando se trata de precisá-la em conceito, nos encontramos fortemente confusos e limitados. Santo Agostinho dizia: “Quando eu estou agindo, eu sei que sou livre; mas se tu me pedes o que é a liberdade, então eu não sei o que responder”. Talvez seja por isso que na história humana se tenha dito as coisas mais contrastantes sobre liberdade, chegando até a negá-la completamente.

A liberdade surge das exigências vitais do ser humano, porque coincide com o próprio mistério da pessoa. Cada pessoa, a cada dia, de modo mais ou menos consciente, faz uma experiência inegável de liberdade. Mas essa experiência caracteriza-se como uma realidade condicionada. Não há maneira de agarrá-la de todo e desfrutar toda a liberdade, como se fosse um bem de consumo.
Só é verdadeira a liberdade que nos torna “livres”, passo a passo rumo à plenitude da liberdade eterna. Não existe uma liberdade em si, abstrata. Existem, concretamente, pessoas mais ou menos livres, grupos humanos mais ou menos livres. A liberdade é limitada, assim como nós somos limitados. Porém sempre nos impele ao infinito, onde a liberdade é realmente livre.
Um dos empreendimentos mais importantes para todos os humanos é tornar-nos verdadeiramente livres. Aqui vale o empenho constante de nossa personalidade com sua sensibilidade, seu pensamento, sua vontade, as suas energias vitais, suas aspirações profundas e irrenunciáveis. A liberdade interessa a cada pessoa em si e a todos os setores da atividade humana: seja à política, à economia, à religião, ao social, ao esportivo e, acima de tudo, à consciência.
A liberdade necessita transitar e provocar todos os setores da vida humana. Não se pode imaginar a liberdade apenas num setor. Por exemplo: não é verdadeira a liberdade se esta se reduz ao campo da política e se no campo afetivo e emocional sou um escravo. Posso dizer-me livre na dimensão social e escravo do econômico. Por ser tão preciosa e necessária, a liberdade também é complexa para ser vivida em muitos planos.
A liberdade é um dom de Deus assegurado para todos. Ele não quer a prosternação de escravos, mas a adoração de filhos livres e amados. Como conquista, a liberdade precisa começar pelo desejo de cada um ser “si mesmo” no modo mais verdadeiro. Não é difícil deixar-nos manipular pelos outros; ser “Maria vai com as outras”; pensar como os outros pensam e agir como os outros agem. Necessito ser eu mesmo, como o outro necessita ser ele mesmo.
A raiz da liberdade encontra-se em Deus e se implanta no coração e na consciência de cada pessoa. Os fatores externos podem favorecer ou atrapalhar. Daí a necessidade da pessoa ser sujeito do projeto vida e aprender, cada dia, a pegar o volante da vida com as próprias mãos e não querer viver sempre de carona.

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