domingo, 11 de março de 2012

O HOSPEDE INQUIETANTE.

Esse é o título de um livro do filósofo italiano Umberto Galimberti, voltado especialmente para quem lida com a juventude. Na obra, o adjetivo inquietante tem a ver com o niilismo e com o filósofo Nietzsche, fazendo claras alusões à falta de referências do mundo contemporâneo. Sobressaem, entre outros “ismos”, o individualismo, o hedonismo e o relativismo do que se convencionou chamar de sociedade pós-moderna. O hóspede inquietante do filósofo Nietzsche incomoda por suas perguntas sem resposta, ou por sua enfermidade sem remédio. Num mundo sem referência de ordem moral, prevalece a liberdade de fazer o que se quer e o que se pode. O conceito de liberdade como “fazer o que constrói ou o que contribui para criar ambientes felizes e fraternos” entra em total esquecimento. E aqui, repetimos pela terceira vez, os jovens não passam de porta-vozes de uma espécie de “mal estar da civilização” muito mais amplo e profundo (Freud). Como termômetro, o jovem mede a temperatura social, cultural e política do momento.



Temperatura que se reflete de forma bem mais nociva, por exemplo, na corrupção histórica, endêmica e estrutural da política brasileira. Raro o dia que o Planalto Central não produz alguma notícia que faz estarrecer os pobres mortais da planície. Desvio de recursos públicos, tráfico de influência, prevaricação, superfaturamento, salários exorbitantes, toma lá dá cá, uso indevido do orçamento – são algumas das práticas corriqueiras dos representantes dos três poderes da União. Salvo raras e notáveis exceções, grande parte deles faz jus ao título da obra de Raymundo Faoro Os donos do poder.
No palco da administração pública brasileira, o hóspede inquietante do niilismo e do relativismo dá margem ao sepultamento puro e simples da “ética na política”. Em termos mais gerais, o projeto de conquistar e manter o poder, digamos com clássico Maquiavel, toma o lugar de um projeto de nação.





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