domingo, 4 de março de 2012

PANFLETOS ELEITORAIS

Em época de campanha política o  texto nas reportagens, entrevistas e artigos diz ao leitor e eleitor tudo para  sustentar em qualquer lugar a hegemonia do grupo político dominante para mais à frente quebrar o domínio do grupo dominante na política nacional.

Não há qualquer espécie de dissimulação: o candidato oficial da imprensa tem, supostamente, que enfrentar o procedimento pré-eleitoral chamado de prévias, enquanto nos bastidores se sabe qual será o resultado dessa consulta ao colegiado interno do seu partido.
No campo externo da disputa, os  blocos políticos buscam ganhar ou salvaguardar suas alianças, que em épocas como esta ameaçam se desfazer, em processos de negociação explícita por mais poder e, eventualmente, mais acesso aos cofres públicos para quem chegar lá.
Essencialmente, é a isso que se reduz o processo eleitoral. Há, evidentemente, diferenças consideráveis entre os projetos de poder de um e de outro grupo, mas esse é o tipo de informação que desaparece da cena midiática assim que se inicia a campanha.
Esse processo, com todas as invenções dos marqueteiros contratados para construir os discursos mais convincentes, passa a dominar toda a imprensa. A contaminação começa nos editoriais e vai até o comentário do “intelectual” de plantão no plantel de colaboradores da imprensa.
É o período em que as metodologias de análise científica da cena política, social e econômica são guardadas numa gaveta, enquanto os adjetivos e as frases de efeito são sacados para assegurar a renovação dos contratos dos chamados analistas.
O que geralmente não se percebe, nessas circunstâncias, é que os jornais abandonam os pressupostos do jornalismo para se transformarem em panfletos eleitorais.

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