terça-feira, 27 de março de 2012

DO QUE? QUERO ME VER LIVRE.

Esse primeiro estágio da liberdade parece ser uma rebeldia natural que nos deixa sempre na inquietação diante da vida, dos fatos e das circunstâncias. Este impulso começa com a negação e a rejeição. Aqui a liberdade se parece com uma revolta contra os condicionamentos e as situações reais que limitam a vida. Fora e dentro de cada pessoa circulam condicionamentos que nos limitam, como a dependência dos outros, a força das leis, as necessidades primárias como a fome, a sede, a ignorância etc... Também não nos sentimos à vontade como portadores do orgulho, de um refinado egoísmo, do senso de inferioridade, da hipocrisia, da agressividade desordenada, do ímpeto das paixões, do desejo de poder e de ganância...
Ter consciência do que fere a nossa liberdade e querer nos ver livres já é um passo significativo. Para isso necessitamos nos voltar para algumas direções principais como: o conhecimento e a superação das próprias escravidões; a percepção do limite da liberdade adolescente e a superação positiva da desilusão de uma “liberdade absoluta”.
Dietrich Bonhoeffer, ao viver aprisionado pelo nazismo escreve: “A pessoa mais livre é aquela que adquire maior posse, não do universo, mas de suas escolhas, aquele que se liberta melhor, a partir de dentro. Rompe o cerco de tuas ânsias e tuas incertezas para enfrentar a tempestade dos acontecimentos”.
Michel Quoist afirma: “Se tu queres, podes permanecer livre, porque a tua liberdade não se encontra ao nível do teu corpo, mas a nível do teu espírito. Se queres permanecer livre deves enfrentar-te a ti mesmo conquistando a tua liberdade”. Tantas vezes nos vemos contraditórios e teimosos. Torno-me escravo de mim mesmo quando costumo dizer: “Não é culpa minha, isto é próprio do meu caráter! Sei que estou errado, mas não dou braço a torcer!”
De modo geral, é mais fácil acusar os outros por não se conseguir a liberdade do que assumir responsavelmente as consequências das próprias escolhas. “Em nome da ânsia de liberdade, faço qualquer negócio!” Qualquer negócio feito de qualquer jeito pode colocar-me em ritmo de falência.
Para ver-me livre, necessito de uma constante luta de superação de minhas escravidões interiores e exteriores. Se não me empenhar nessa luta, elas vão me deixando de mal com a vida. Necessito transformar este potencial de escravidão em força de libertação. Quando me coloco como se fosse o centro do mundo, além de aprisionar-me, vou aprisionando os outros em torno de mim e ampliando o círculo de escravidões que irão me sufocar.
Por incrível que pareça, se não prestar atenção, poderei me tornar escravo, livremente responsável pela força de falsas decisões. Necessito dar-me conta de que, para ver-me realmente livre, preciso cultivar a capacidade de optar pelo bem. Somente o bem e o autêntico amor libertam. O egoísmo escraviza!
Quero me ver livre! Para dar esse primeiro passo necessito imbuir-me daquela sabedoria que vem de Deus, para fazer um caminho que não se limite ao tempo, mas me projete para a eterna liberdade no amor.





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