quarta-feira, 18 de maio de 2011

O QUARTO PODER PEDIU PEMISSÃO

Entre as dramáticas revoluções ocorridas desde o fim do século 19 no campo da comunicação – pelo menos 10 – nenhuma foi tão drástica, surpreendente, trepidante e desnorteadora como a que estamos vivenciando, como agentes ou pacientes.

O grande problema é que este desvario está sendo informado de forma fragmentada, intermitente, insuficiente e disfarçada. A mídia digital não tem fôlego nem perspectiva para se autoanalisar enquanto a mídia tradicional encontra-se tão emasculada e autoaviltada que perdeu suas referências e a capacidade de enunciá-las.
"Paramos as máquinas, amanhã estaremos no twitter", proclama o "Cidadão Kane, Parte II". A mídia impressa assumiu-se como moribunda quando anunciou o seu funeral como se fosse façanha. E, enquanto não some definitivamente, saracoteia travestida de internet fingindo-se wired, plugada. O virtual impõe-se ao real, tudo é símile e simulação.
Processo irrefreável
O espetáculo chamado progresso tem os comunicadores como protagonistas, mas não consegue se comunicar. Estamos vivendo uma hora estelar com a cabeça enfiada na areia e o bumbum apontado para a Via Láctea. Simplesmente porque os papeis estão trocados e truncados – vendedores de maquinetas imaginam-se filósofos e filósofos estão mesmerizados: preferem investir nas bolsas em vez de tomar a sua dose diária de cicuta.
É evidente que o processo digital não será revertido, nem freado. É evidente também que esta alucinação generalizada só interessa aqueles que cansaram de ser Quarto Poder.

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