quarta-feira, 16 de março de 2011

SOCIEDADES EM TRANSFORMAÇÃO.

Nesse cenário de apocalipse sem ensaio prévio observamos emissoras de tevê se desdobrando para levar, instante a instante, flagrantes de sociedades em vias de ruptura, civis transformados do dia para a noite em milicianos, engrossando as fileiras de contingentes paramilitares e dispostos a enfrentar – como é exatamente o caso da Líbia de Muammar Kadaffi – pesada artilharia aérea. É uma luta por demais desigual, como se o povo estivesse cansado de atuar como aquele boneco que se senta nas pernas do experiente ventríloquo, se revoltasse contra este e passasse a criar seu próprio número, articular sua própria fala, incitar seu próprio público contra seu mestre de tantos anos e de tantos desatinos.

Está claro que, por maior e mais intensa que seja a brutal repressão de governos desnorteados, longe de diminuir o ânimo e o entusiasmo das massas protestantes, atiçam o sagrado fogo do entusiasmo por mudanças para hoje, melhor, para ontem pela manhã. Uma coisa é certa: a paisagem do Cairo e de Trípoli jamais será a mesma e outras paisagens começam a se delinear no horizonte. Paisagens que não incluem apenas países pequenos e no mais das vezes periféricos – como o Bahrein, o Iêmen, o Marrocos – e que passam a incluir a Teerã do sanguinário Mahmud Ahmadnijad.

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