quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

TER RESPEITO AO INFORMAR.

Durante muitos anos, a imprensa americana publicou fotos do presidente Franklin Roosevelt apenas da cintura para cima. Evitava, assim, chamar a atenção para seus problemas físicos: Roosevelt, paralítico, usava cadeira de rodas.

A imprensa francesa jamais noticiou que o presidente François Mitterrand tinha duas famílias. O fato se tornou publicamente conhecido apenas em seu enterro, quando as duas esposas e os filhos de ambos os relacionamentos lhe prestaram as últimas homenagens. Para os jornalistas franceses, Mitterrand tinha de ser avaliado por sua vida pública, não por seus momentos íntimos.

O presidente Getúlio Vargas teve relacionamentos amorosos que os meios de comunicação ignoraram – por exemplo, com a famosíssima Virginia Lane, "A Vedete do Brasil". O presidente Juscelino Kubitschek teve por longos anos um caso com a elegantíssima Maria Lúcia Pedroso. Nos dois casos, muita gente sabia, mas ninguém publicou. E por um motivo fortíssimo: tirando os envolvidos na história, ninguém tem nada com isso. Excetuando-se os casos em que o amante, ou a amante, interfere na vida pública, intimidade é intimidade e deve ser respeitada.

Neste momento, há quem insinue romances extraconjugais de figuras importantes da República. Não importa que essas notícias saiam em publicações sem importância ou em blogs inexpressivos: o objetivo é jogá-las no ar, mantendo-as em circulação, para que sejam usadas posteriormente, em ocasião adequada.

Independentemente do que pensamos sobre as pessoas envolvidas, isso não é exercício da liberdade de imprensa: é jornalismo marrom, é fofocagem pura e simples, sem qualquer vínculo com o interesse público. Beira a chantagem. E, especialmente, é covarde: as pessoas atingidas não podem reagir à altura, sob pena de divulgar amplamente aquilo que foi publicado de maneira restrita.

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