Não se sabe e nunca se saberá quantos haitianos morreram. Qualquer estatística será enganosa, as divergências entre o número de vítimas (de 40 mil a 120 mil) talvez seja o aspecto mais aterrador da situação: nenhuma autoridade, municipal ou estatal, é capaz de assumir responsabilidades, tomar decisões e determinar providências, exceto o comando brasileiro da missão da ONU que se encarrega da segurança e os americanos que coordenam a ajuda humanitária.
Uma catástrofe sem dados, sem termos de comparação, um apocalipse sem gráficos, infográficos, baseado em fotos dantescas e histórias individuais horripilantes, anônimas, mudas, sem lágrimas – quanto tempo conseguirá a mídia internacional manter aquilo que foi o Haiti nas manchetes e na "escalada" da mídia eletrônica?
E nossa solidariedade, quanto durará?
Nossa compulsão para driblar tragédias, principalmente as distantes, quando começará a se impor ao dever humanitário de compartilhar sofrimentos?
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