quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

UM DESRESPEITO TOTAL

Fracasso. Não há outra palavra à altura do resultado de Copenhague, o maior encontro diplomático de todos os tempos se arrastava para um desfecho inglório, sem nenhum compromisso concreto de redução de emissões por parte dos países ricos nem garantia de dinheiro para os pobres.

A declaração do presidente americano Barack Obama, que saiu de uma reunião com China, Índia, África do Sul e Brasil dizendo ter chegado a um acordo "sem precedentes" com os países emergentes, deverá entrar para a história como um desrespeito igualmente sem precedentes aos milhares de ativistas, diplomatas, empresários e jornalistas que passaram frio, apanharam da polícia, ficaram sem comer e sem dormir durante duas semanas de desgastantes negociações na capital dinamarquesa. Sem falar nos outros milhões de pessoas que acompanharam o processo à distância, pela imprensa, à espera de um acordo minimamente efetivo no sentido de combater as mudanças climáticas.

Obama também se esqueceu de dizer que o tal acordo "sem precedentes" - e sem metas - ainda precisava ser aprovado em reunião plenária por todos os outros países signatários da Convenção do Clima das Nações Unidas (193 no total). Pegou o avião e foi embora sem perguntar para Tuvalu e outras pequenas nações insulares se elas estavam de acordo com o risco de serem inundadas pela elevação do nível do mar. Mas não esqueceu de ressaltar que os EUA "não estão legalmente vinculados a nada do que aconteceu aqui". Ou seja: além de não trazer metas, o acordo não teria força de lei. Seria só um acordo político.

Todas as decisões da Convenção precisam ser tomadas por consenso, com aval de todas as nações. Os presidentes foram embora, deixando seus diplomatas à espera de algum anjo ou sábio capaz de resolver a questão. O tal acordo anunciado por Obama não passa de uma carta de intenções, com algumas promessas de financiamento, mas nenhuma obrigatoriedade de resultados.


 

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