quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

FUGINDO DA RAIA

O grande público pôde, finalmente, tomar conhecimento da existência da Conferência Nacional de Comunicação, aberta na segunda-feira, em Brasília, com encerramento marcado para (17/12). E como milhões de brasileiros tomaram conhecimento da conferência? Por meio do Jornal Nacional, que na edição de anteontem (14) dedicou quase um minuto a uma nota narrada pela voz pausada e bem articulada de William Bonner, noticiando o início dos trabalhos da Confecom (ver aqui).

Era uma pauta óbvia. Afinal, tratava-se de uma conferência que reunia mais de 1.600 delegados, e cujos trabalhos foram abertos com um discurso do presidente da República. Embora se trate do mais importante telejornal brasileiro, a edição do Jornal Nacional sem imagens. optou por dar essa matéria

Esse detalhe passaria por uma simples decisão dos editores não fosse o tom – e a entonação – de editorial imprimida por Bonner na leitura da nota. Ali foi dito que "a representatividade da conferência ficou comprometida sem a participação dos principais veículos de comunicação do Brasil", para em seguida lembrar que seis das mais importantes entidades empresariais do campo da comunicação – Abert e ANJ, entre elas – decidiram, quatro meses atrás, abandonar a organização da conferência por considerarem "as propostas de estabelecer um controle social da mídia uma forma de censurar os órgãos de imprensa, cerceando a liberdade de expressão, o direito à informação e a livre iniciativa, todos previstos na Constituição".

Não é bem assim. Aliás, não é nada disso. O problema maior é que as empresas de mídia têm sérias dificuldades em discutir publicamente o seu papel na sociedade – em suma, a mídia não pauta a mídia. No caso dos veículos impressos, pode-se até compreender essa atitude, ainda assim passível de críticas. Mas no que respeita às empresas de radiodifusão, que são concessionárias de um serviço público, essa postura é inadmissível. Mas, como de costume, seus representantes fazem cara de paisagem e seguem em frente, brandindo o argumento da defesa da liberdade de expressão, claro. É lamentável.

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