Em absoluto silêncio, o casal estava diante do túmulo
de sua filha de 19 anos recentemente falecida. A dor era quase insuportável.
Tudo parecia ter desabado em suas vidas e a fé, que ainda se mantinha acesa,
navegava em meio às brumas. A esposa quebrou o silêncio e comentou: haverá mesmo
outra vida? E ela mesma respondeu: ninguém voltou para confirmar.
Não
longe dali, no ventre de uma mulher grávida, dois bebês dialogavam. - Você
acredita mesmo na vida após o nascimento? O segundo bebê respondeu: - com toda a
certeza. Algo deve haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui nos preparando
para aquilo que seremos depois. O primeiro bebê insistiu: - bobagem, não há vida
após o nascimento. E, se houver vida, como seria? - Eu não sei exatamente, mas
imagino um lugar cheio de luz, de encanto, de maravilhas, de surpresas, onde
caminharemos com nossos pés, quem sabe comeremos com nossa boca.
Após um
período de silêncio, o bebê cético voltou a argumentar. - Tudo isso é ilusão. O
cordão umbilical é muito curto, a possibilidade de uma vida após o nascimento é
uma ilusão. O diálogo prosseguiu: - talvez seja uma vida diferente, mas haverá
uma mãe que nos cuidará. - Mamãe? Você acredita em mamãe, contra-atacou o irmão,
onde ela está? Eu nunca vi a mamãe, é claro que não existe nenhuma mãe. - Bem,
às vezes, quando estamos em silêncio, tenho a impressão de ouvi-la cantarolar
canções cheias de ternura, de alguma maneira sinto seu carinho, ela nos ama. E
antes de adormecer, declarou: - eu penso que a verdadeira vida nos espera,
estamos apenas nos preparando para ela.
Diante do primeiro túmulo da
humanidade surgiram as primeiras perguntas sobre a vida e a morte e sobre a vida
que vem depois da morte. Na realidade, desde que nascemos caminhamos para a
morte. Temos prazo de validade, morremos um pouco a cada dia. Acostumados a
coisas concretas, temos dificuldade em imaginar um futuro diferente. É a lagarta
insaciável que jamais imagina um dia tornar-se borboleta. Mas no mais íntimo de
nós há uma certeza: a vida não pode terminar assim, o amor que vivemos não pode
acabar. Temos desejos infinitos, embora não saibamos estabelecer os limites
destes horizontes.
Um dia o véu da eternidade foi levantado, por uns
instantes, para o apóstolo Paulo. E na incapacidade de exprimir a realidade, ele
garantiu: “Os olhos jamais viram, os ouvidos jamais escutaram, o coração jamais
imaginou as surpresas que Deus reserva aos que o amam” (1Cor 2,9). Aqui está a
chave da vida futura: as surpresas de Deus.
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grande Rui, sempre inspirado em suas histórias.
ResponderExcluirabraço
Jonas
Obrigado amigo. Saudade dos nossos papos petistas.
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