domingo, 25 de julho de 2010

O SUCESSO E AS DIFICULDADES DA AGRICULTURA FAMILIAR

Nunca tantos deveram tanto a tão poucos. A afirmação feita pelo primeiro-ministro inglês Winston Churchill (1874-1965), referia-se aos heróicos pilotos dos Spitfire e Hurricane, que em desigualdade de condições, impuseram-se à poderosa aviação alemã, na Batalha da Inglaterra, de 1939 a 1942.
A frase, mantida a diferença de situações, pode ser dirigida aos pequenos agricultores brasileiros. E estes poucos são cada vez menos. Em 1940, cerca de 70% da população brasileira vivia no campo. Hoje, mais de 80% vivem nas cidades. E 20% respondem por 30% da produção global. Em alguns produtos básicos, como feijão, arroz, milho, mandioca, hortaliças e pequenos animais, os pequenos agricultores são responsáveis por 60% da produção. Outros números ajudam a avaliar a questão. A mesa do brasileiro continua sendo abastecida em 70% pela agricultura familiar, que emprega 12 milhões de pessoas. O agronegócio contrata apenas 600 mil e seu objetivo é a exportação.
Uma visão ampla sobre o setor revela dois aspectos. O primeiro é otimista: foram dados passos na organização dos produtores, na qualificação da mão de obra, no crédito, na pesquisas, em tecnologias adequadas, o que resultou em qualidade e lucratividade. O dado pessimista refere-se à difícil condição de vida da maioria dos agricultores brasileiros, sobretudo na educação, higiene e rendimento. O governo tem feito esforços, mas em ritmo lento. Enquanto os bancos, a indústria automobilística e a construção civil conseguem medidas de curto prazo, a agricultura recebe - quando recebe - as sobras.
Alterado o panorama, o mesmo enfoque serve aos motoristas. Para o pão de cada dia são obrigados a longas viagens, mal remuneradas, por rodovias inseguras. Agricultores e motoristas são heróis esquecidos à espera do reconhecimento do país.

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