quinta-feira, 22 de julho de 2010

COMO DIRIA BRIZOLA: TEM BATATA NA CHALEIRA

VENEZUELA ROMPE RELAÇÕES COM A COLOMBIA.
O presidente colombiano parece mirar dois objetivos. O primeiro deles é interno: a reiteração da “linha dura” como política interna facilita sua aposta de manter hegemonia sobre os setores militares e sociais que conseguiu agregar durante seu governo. O segundo, porém, tem alcance internacional. O uribismo é parte da política norte-americana para combater Chávez e outro governos progressistas; mesmo fora do poder, o líder ultradireitista não quer perder protagonismo e se apresenta como avalista para manter Santos na mesma conduta.

Fontes do Palácio de Miraflores não hesitam em afirmar que as provocações de Uribe, além de fixar seu alvo no presidente venezuelano, seriam estranhamente coincidentes com o discurso de José Serra e Indio da Costa no Brasil, retomando a pauta de eventuais relações entre o PT e a guerrilha colombiana. Esses analistas afirmam que o governante de Bogotá deu um lance para se manter em evidência na disputa regional entre os blocos de esquerda e direita.
Autoridades venezuelanas, nos bastidores, se empenham para que haja uma condenação generalizada, dos países latino-americanos, à conduta de Bogotá e ao cúmplice silêncio norte-americano. Não desejam que outras nações sigam o caminho da ruptura, mas Chávez parece convencido que seu colega colombiano não poderá ser detido com meias-palavras ou atos de conciliação.

Um comentário:

  1. Folha de S. Paulo - 23/7/2010

    ELIANE CANTANHÊDE

    As Farc, lá e cá

    BRASÍLIA - O famoso... como é mesmo o nome dele? Ah, sim. O famoso Indio da Costa, candidato a vice de Serra por pressão do DEM e por absoluta falta de opções, vem apanhando um bocado por jogar as Farc no centro do debate eleitoral e no colo do PT. Deve ter sido por inexperiência, mas acabou se revelando uma jogada oportuna a partir dos últimos fatos políticos eletrizantes aqui no continente.
    Imagine você o embaixador da Colômbia na OEA mostrando filmes, fotos aéreas, nomes, locais, testemunhas, um denso material para comprovar que a Venezuela de Chávez abriga, sim, acampamentos não apenas das Farc mas também do ELN, o outro grupo guerrilheiro colombiano.
    Chávez contra-ataca anunciando o rompimento das relações entre os dois países, às vésperas da troca de governo de Álvaro Uribe para seu ex-ministro da Defesa Juan Manuel Santos, que toma posse dia 7.
    A impressão é que a Colômbia decidiu chutar o pau da barraca com a Venezuela agora para Uribe pegar pesado e liberar Santos para pegar leve. Se Uribe é linha-dura contra as Farc, Santos é linha-duríssima. Mas ele mostra mais disposição ao diálogo e a uma boa convivência com a vizinhança esquerdista, inclusive com Chávez.
    O fato é que as Farc são o tema "caliente" da região e isso reforça a polarização nas eleições brasileiras, que tem de tudo, até os pró-Chávez e os anti-Chávez. Quando o tal Indio da Costa empurrou as Farc para Dilma e o PT, eles passaram a bater boca em público com o vice do adversário, que tinham menosprezado, até ridicularizado. Ele era pequeno, insignificante. Cresceu, ganhou estatura. O PT inflou o vice de Serra ao se esquecer da máxima: "falem mal, mas falem de mim".
    A expectativa para os próximos dias é de maior contaminação ainda do conflito Colômbia-Venezuela no debate eleitoral interno. A política externa, assim, arrasta a divisão ideológica para os palanques.

    elianec@uol.com.br

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