terça-feira, 13 de julho de 2010

O PREÇO DA DEMOCRACIA É A ETERNA VIGILÂNCIA

Todo o poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido. As democracias modernas se inspiram na Revolução Francesa e nos seus equívocos. Havia terminado o tempo dos reis e da fé, agora surgia o homem como medida de tudo. O idealismo da grande revolução, bem cedo, foi manchado pelo sangue e pela exclusão das minorias. Isto fez com que Madame Roland, prestes a ser decapitada, proclamasse: Liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome!

Os mais diferentes regimes políticos ajudaram a escrever a história da humanidade. A sensibilidade moderna acredita que a democracia é o único sistema legítimo de governo. Na antiguidade, existiram experiências democráticas. Porém, a democracia pura sempre foi utopia, jamais alcançada. O povo é chamado poucas vezes a opinar. E o voto popular nem sempre reflete a opinião da maioria. O poder econômico, aliado aos meios de comunicação, fala mais alto. E já se tornou rotineira a falta de coerência entre o palanque eleitoral e o posterior governo.
Os partidos, em sua origem, deveriam representar as diversas correntes políticas e sociais. Infelizmente, os programas são feitos até com boas intenções, mas ignorados depois. No atual quadro eleitoral, que desemboca em 3 de outubro, as mais esdrúxulas coligações foram acertadas. Em lugar do bem comum vale a suposta governabilidade. Isto significa um vale-tudo em relação ao projeto político.
A lei Ficha Limpa é o sinal mais promissor do atual quadro eleitoral. Mas ainda é pouco. O povo precisa fazer valer sua prerrogativa de direcionar as grandes linhas da política econômica e social. Para que isso ocorra, ele tem de ser o real protagonista - sem intermediários - antes, durante e após as eleições. E fazer valer o princípio do bem comum. Sem isto, o sistema será ilusório. O preço da democracia é a eterna vigilância.

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