quarta-feira, 1 de junho de 2016

ALEM DO QUE SE VÊ



Um jovem de 24 anos, olhando pela janela do trem, gritou: “Pai, olha as árvores andando para trás!” O pai sorriu serenamente. Um casal, que estava sentado no banco ao lado, olhou com piedade para o comportamento infantil daquele rapaz. Após alguns minutos, o rapaz novamente exclamou: “Pai, veja as nuvens correndo com a gente!” O casal não resistiu. Pensando que o rapaz era mentalmente deficiente, disseram para aquele velho pai: “Por que o senhor não o leva a um bom médico?" O velho pai sorriu e disse: “Acabamos de sair do hospital. Meu filho era cego de nascença e acabou de recuperar, hoje, a visão.” O casal simplesmente inclinou a cabeça, sem esboçar nenhuma palavra.

A facilidade de emitir julgamento parece estar arraigada no coração humano. Uma simples atitude é suficiente para que rapidamente se formule uma opinião ou se faça um comentário a respeito de outra pessoa. A grande maioria desconsidera que cada um tem uma história de vida. Não poucas vezes o que os olhos veem e os ouvidos ouvem não coincidem com a realidade existencial. Cada pessoa é um mundo, cada história tem um contexto. Nem sempre as atitudes revelam a real identidade de uma pessoa.

A prudência em multiplicar palavras em relação aos outros deveria fazer parte do cotidiano. A liberdade de expressão é uma conquista histórica. Porém, o compromisso com a verdade está acima de qualquer parecer. As relações humanas seriam diferentes se não fossem proferidos tantos comentários desnecessários a respeito dos outros. Desentendimentos e distanciamentos continuam sendo provocados pelos equívocos em interpretar as atitudes alheias. Como tudo seria diferente se houvesse uma certa lentidão em tentar interpretar as palavras e atitudes dos conhecidos e, também, dos desconhecidos.

Evitar o julgamento é um princípio norteador da boa convivência. Antes de emitir qualquer parecer, é necessário conhecer um pouco do mundo que cada um carrega consigo. Mesmo que se tenha um contato mais próximo, ainda assim é impossível compreender o universo que rege a vida das pessoas. Histórias de desentendimentos, em decorrência do hábito de julgar, relatam incontáveis malefícios. Nada justifica a prática do julgamento. Quem não julga os outros, vive melhor consigo mesmo e deixa alegres marcas por onde passa.

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