segunda-feira, 13 de junho de 2016

GESTOS

O sonho de um mundo mais solidário já contabiliza bons sinais. Nem tudo está perdido. O bem se alastra, sem ruído e sem excessiva publicidade. Claro, são necessários mais multiplicadores, entusiastas da vida, promotores do bem comum. Há muito por ser feito. Enquanto isso, meu coração se alegra com pequenas conquistas, merecidos aplausos àqueles que não cansam de fazer o bem, sem exigir holofotes e registros. Carrego comigo uma esperança que não se aquieta e que, em alguns momentos, até incomoda. É maravilhoso constatar a alegria no semblante daqueles que estendem a mão para aliviar a dor do semelhante e, ao mesmo tempo, estão empenhados na transformação das estruturas políticas e econômicas que colocam à margem da dignidade uma parcela crescente da população.

Participar de campanhas que buscam suprir uma necessidade imediata tem se tornado algo bem presente. As pessoas são sensíveis, não deixam de ajudar. Doar algo material é muito importante. Doar, no entanto, sangue, medula, órgãos e tecidos é aproximar ainda mais o divino do humano. Gestos encantadores, expressão de um grande amor à vida. Um morador do interior do Rio Grande do Sul doou medula óssea a uma criança de Istambul, na Turquia. Quando a solidariedade consegue ultrapassar as fronteiras, algo novo está em ebulição. O doador estava cadastrado no banco nacional, que é ligado a uma lista internacional.

Desde 1990, no Hospital Universitário de Santa Maria/RS, transplantes eram realizados apenas entre parentes. Nos últimos anos, mais de dez doadores anônimos também ajudaram pacientes de outros hospitais do país. O envio do material ao exterior é considerado um avanço. Mais de 300 pacientes com câncer já foram salvos graças a transplantes realizados pelo referido hospital. O doador é um homem com menos de 30 anos, morador da Serra gaúcha, que se cadastrou no banco nacional. Ele não pode ser identificado porque a legislação não permite.

A medula óssea, que são células capazes de produzir novas células sanguíneas, foi extraída com uma espécie de seringa dos ossos do quadril. Um procedimento simples, seguro, que salva vidas. Saber que alguém continuou vivendo por causa da doação, é um sentimento nobre, uma alegria com a inspiração da eternidade. Alcançar ao outro, num momento de extrema necessidade, parte do próprio corpo é uma antecipação do céu. Nem tudo está perdido. O amor é uma silenciosa e provocante melodia.

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