segunda-feira, 20 de junho de 2016

AS QUATRO AMIGAS DO HOMEM

Um homem tinha quatro amigas, todas elas importantes, mas que eram tratadas de maneira desigual. Depois de setenta anos sentiu que sua hora havia chegado. Ele gostaria que alguma delas o acompanhasse até a eternidade.

Dirigiu-se à primeira, a mais amada, a mais parceira de todas. Ela o havia enchido de prazeres, estava sempre com ele. Diante da proposta de acompanhá-lo na eternidade, ela nem sequer respondeu e ostensivamente abandonou o quarto.

Diante da recusa, dirigiu-se à segunda amiga. Esta lhe proporcionara tantos momentos felizes! Sem ela não saberia o que fazer. A resposta foi de deboche: a vida é muito bela, tenho ainda possibilidades e muitos sonhos, não irei com você. A terceira amiga mostrou-se mais compreensiva, queria ajudá-lo em tudo. O acompanharia até o fim, até às portas da eternidade. Cuidaria ainda do seu enterro.

Desesperado, desiludido, pensou na quarta amiga. Ele reconhecia que não lhe devotara muito amor e atenção e, certamente, também recusaria o pedido. Surpreendentemente, ela declarou: irei contigo para qualquer lugar.

A primeira amiga representa o corpo, o companheiro inseparável, que ele cuidara com tanto empenho, durante tantos anos. A segunda amiga é a riqueza. Parecia um pouco insensível, mas ele a adorava. Foi a mais ingrata. A família representa a terceira amiga. Crescera com ela, com ela partilhou os bons e maus momentos, mas mostrou-se incapaz de fazer mais. Foi até o cemitério.

A quarta amiga é a alma, que simboliza os valores do espírito. Ele devia tê-la amado muito mais. Era a amiga mais pura e solidária.

Essa alegoria se aplica a todos. Naturalmente, a ordem de importância - o grau de amizade - depende de cada um. Todos temos um corpo. Melhor dizendo: somos um corpo. É nosso companheiro de luta e um dia será companheiro na glória. Ele merece ser amado, cuidado e disciplinado. A avaliação da amiga riqueza já não é tão lisonjeira. É possessiva, quer ser adorada e pretende mandar em tudo. Na hora da morte, o corpo ainda está quente e o dinheiro já migrou. A família é sagrada, ela nos acolhe, protege e acompanha, mas não pode decidir por nós. Já a alma - as boas obras - é nosso passaporte para a eternidade.

Mais uma vez, o mestre é exemplo: manteve as três amigas - o irmão corpo, o dinheiro e a família - à distância e amou perdidamente a alma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário