sexta-feira, 10 de junho de 2016

QUEM VOCÊ AMA?

Quem você ama? A namorada/o, a esposa/o, o pai e a mãe, os irmãos? Ou os outros, os de fora do teu círculo de parentesco e afeto por dever sanguíneo? Quem você ama, diz de você! Se você quer conhecer bem uma pessoa, pergunte a ela quem ela ama. E porque ela a ama. Quem amamos, diz de nós. O amor nos define. O amor nos dá identidade. O amor, o amor, o amor! Nesse dia dos namorados que se aproxima, por que não pensar o amor?

Não se racionaliza o amor. Ou se ama, ou não se ama. Melhor seria amar do que falar sobre o amor, claro. Mas, não somos proibidos de pensar o que fazemos. E quando bem pensamos o amor, caímos na conta de que há três formas, todas elas nobres: o amor Filia, o amor Eros e o amor Ágape.

Amor filia é o amor de amizade. Quem encontra um amigo, encontra um tesouro, diz o clássico provérbio. A amizade é uma alma em dois corpos, dizia Aristóteles. Aristóteles, o filósofo que melhor pensou a filia dizia que nós somos amigos de alguém por três razões: a) por interesse; b) pelo agradável que a companhia do outro nos é; c) pelo bem que o outro porta em si. Não somos amigos de quem nos causa mal, nos é inconveniente, sem graça e sem nos dar algo em retorno. E mais, a amizade exige reciprocidade, fidelidade e não-exclusividade. Não dá para ser amigo de quem não é nosso amigo. Eu não posso ser amigo de quem não me considera amigo. Amizade exige reciprocidade. Pense num amigo teu e verás que a recíproca é verdadeira. Não posso dizer de alguém que é meu amigo se ele não te considerar amigo seu. E, por fim, a amizade não é ciumenta. Não exige exclusividade. Os amigos têm amigos e a amizade não se importa.

O amor erótico, por sua vez, têm uma outra dinâmica. Se a amizade a gente alimenta ou deixa de existir e, portanto, tem um grau de escolha, o amor erótico não tem escolha, ele é que nos escolhe. Quem ama eroticamente, vive se perdendo, pois o peso de si está no outro. O amor erótico é o amor de atração que implica preferência e exigência sexual. Quem ama eroticamente deseja o outro. Deseja como seu, somente seu, desejando se apossar do corpo do outro. Por isso o amor erótico é ciumento, exclusivo e, às vezes, até violento, quando não correspondido. Diferentemente do amor amizade, o amor erótico não exige reciprocidade podendo amar sem ser amado ou ser amado sem amar. O amor platônico é prova disso...

O amor ágape, também conhecido como o amor cristão ou amor de caridade é de outra matriz e dinâmica. Não é interesseiro como o amor filia, não é exclusivo e ciumento como o amor erótico, e não exige reciprocidade ou agradabilidade. A prova do amor cristão é a gratuidade, a universalidade e a preferencialidade pelos mais vulneráveis. Amor as bonitas e o bonitos e amar os que nos são agradáveis e nos dão retorno, é fácil, difícil é amar os feios/as e os pobres. Pior ainda, amar os inimigos. Por isso o amor ágape é um dever. Tu deves amar o próximo! Aos olhos da razão, o amor cristão é um paradoxo!

De qualquer forma, as três formas de amor têm legitimidade e nobreza. Quem ama se humaniza e se eleva acima dos brutos. Os brutos são os que só pensam em si e se utilizam do outro para seu único e exclusivo interesse próprio. Os brutos e egoístas, aqueles que não transcendem ao ego, são os mais infelizes dos humanos e possivelmente são os que tornam os outros mais infelizes. Se o amor nos diz quem somos, a sua falta também nos diz quem somos: brutos e egoístas! Ame, namore e se apaixone, nem que seja por um rato, ou uma árvore, pois só quem ama merece verdadeiramente viver!

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