terça-feira, 31 de maio de 2016

NÃO DEIXE A CHAMA APAGAR

Um homem, que regularmente frequentava um grupo de espiritualidade, sem nenhum aviso deixou de participar de suas atividades. Após algumas semanas, o Mestre daquele grupo decidiu visitá-lo. Era uma noite muito fria. O Mestre encontrou-o em casa, sozinho, sentado diante da lareira, onde ardia um fogo brilhante e acolhedor. Adivinhando a razão da visita, o homem deu as boas-vindas ao Mestre, conduziu-o a uma grande cadeira perto da lareira e ficou quieto, esperando. No silêncio que se formara, ambos apenas contemplavam as chamas. Após alguns minutos, o Mestre examinou as brasas e cuidadosamente selecionou uma delas, a mais incandescente, empurrando-a para o lado. Voltou então a sentar-se, permanecendo silencioso. Aos poucos a chama da brasa solitária diminuía, até que houve um brilho momentâneo e seu fogo apagou-se de vez.

Em pouco tempo, o que antes era uma festa de calor e luz, agora não passava de um pedaço de carvão recoberto de uma espessa camada de fuligem acinzentada. Nenhuma palavra tinha sido dita desde o cumprimento inicial. O Mestre, antes de se preparar para sair, apontou para o carvão, colocando-o de volta no meio do fogo. Quase que imediatamente ele tornou a incandescer, alimentado pela luz e calor dos carvões ardentes em torno dele. Quando o Mestre alcançou a porta para partir, o dono da casa olhou-o ternamente e disse: ‘obrigado pela visita e pelo ensinamento. Estou voltando ao convívio do grupo.’

A experiência do afastamento tem roubado o brilho de muitas relações. Em alguns lares, a chama do amor nem sempre é alimentada adequadamente. As consequências se tornam bem visíveis, quando da chegada das crises. O amor não termina, mas se não for cultivado perde o encantamento. O relacionamento entre pais e filhos também pode tornar-se frágil se não houver encontros e trocas contínuas. Para distanciar-se não há a necessidade de esforço, basta deixar a indiferença ocupar o espaço do amor.

A chama que inspira e sustenta os laços de amizade aguardam por maior entrelaçamento; o relacionamento profissional não deve ser relativizado; a vivência da fé supõe intensa relação. Há uma luz que insiste em brilhar. Saber cultivar é o segredo da felicidade. Que a participação ativa e criativa possa iluminar a família, o grupo, a comunidade e a nossa sociedade, tão necessitada de luz. Não deixe a chama se apagar!

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