quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

VITIMAS DO CLIMA E DE ESCOLHAS POLÍTICAS

Desde que o aquecimento global começou a interferir na agricultura, especialistas decidiram condicionar o sucesso neste setor à dominação do clima. Passaram-se pelo menos duas décadas e o acúmulo de safras frustradas vem provar que não só o clima não foi controlado como o homem do campo tornou-se vítima dele. Dominar o clima não significa determinar quando, quanto e aonde vai chover. Equivale, isso sim, a estar devidamente preparado para enfrentar o excesso ou a escassez de chuvas, queda de granizo ou geada fora de época. Embora tenha havido evolução da porteira para dentro das propriedades rurais, estudos mostram que a maioria dos agricultores não dispõe de sistemas eficientes.
O Sul do Brasil volta a conviver com o drama da falta de chuva. Regiões como a Serra gaúcha, tradicionalmente privilegiadas com bons índices pluviométricos em quase todas as estações do ano, viram o solo secar e rachar e suspenderam o plantio de diversas culturas. Logo virão os efeitos - perde o agricultor, que não terá renda porque nada colherá, e o consumidor, que pagará mais caro em função da baixa oferta de produtos no mercado.
Mais preocupante são as projeções meteorológicas indicando que o pior ainda está por vir. Ou seja: o sofrimento do produtor rural tende a aumentar. Enquanto isso, programas de irrigação, com a construção de açudes e de barragens, perdem-se pelo caminho tortuoso da política, em que as prioridades são definidas pela conveniência eleitoreira, ou sequer saem das gavetas dos gabinetes do poder. É inadmissível que em um país de milhões de famintos, desestimula-se a produção de alimentos; e numa nação de muitas cidades inchadas por ex-agricultores, pouco ou nada é feito para evitar a continuidade do êxodo rural.

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