quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

AMIGOS PARA SEMPRE

Dentre os tantos esquecidos, eu sou um deles. Nestes dias andei fazendo uma meditação que brotou de repetidos esquecimentos. Por incrível que pareça, o objeto esquecido que me fez pensar foi o guarda-chuva. Não são todos os dias, dias de chuva. Nem a chuva cai sem parar, de dia e de noite. A maioria dos dias e das noites são dias de sol ou de luar. Podemos dizer que no decurso do tempo os dias e as noites de chuva acontecem como algo extraordinário.
Nesse cenário, minha referência é o guarda-chuva. Em dia de chuva o queremos junto; apreciamos sua ajuda; precisamos sua proteção e lhe damos um valor imenso, mesmo que o compremos na rua, a preço baixo e insignificante. Ninguém estranha vendo uma multidão com guarda-chuva aberto em dia de temporal. Seria estranho andar com ele armado em dia de sol.
Vou lembrar um fato ocorrido em Porto Alegre.
Como o céu estava coberto de nuvens escuras, a maioria se preveniu com seu amigo guarda-chuva logo começou a chover. O cenário virou um mar de guarda-chuvas armados para defender a multidão da água que caia. A chuva parou em seguida e os guarda-chuvas logo foram fechados. Muitos os guardaram em sacolas, outros os colocaram debaixo das cadeiras e assim, o amigo guarda-chuva deixou de ser importante.
No entardecer, as equipes de limpeza e ordenamento da estrutura utilizada ficaram surpresas por encontrarem tantos guarda-chuvas abandonados, na sua maioria os que estavam debaixo das cadeiras. Comentando o fato, um jovem disse: “Observem bem o que ocorre com o guarda-chuva! Quando se precisa dele, logo é lembrado e valorizado. Quando não precisamos mais, facilmente é esquecido. Assim acontece com muitas amizades”.
Correr em busca de amigos em horas de crises e dificuldades parece ser um fato humano muito normal. Fazer-se amigo de quem está passando dificuldades revela um alto senso de humanidade. O que não fica bem é esquecer os amigos na crise, quando tudo anda bem para nós. Amizade de guarda-chuva é esse tipo de amizade oportunista que decepciona quem está sempre disposto a ajudar e servir.
Há sempre um risco para quem cultiva a amizade de guarda-chuva. Exercitar esse modo de fazer amigos pode se tornar um caminho de solidão. Um dos critérios da verdadeira amizade é que ela seja durável. Usar os outros em proveito próprio e em momentos passageiros vai criando um clima de desconfiança e isolamento.
É verdade que o amigo certo se manifesta na hora incerta. Mas não esqueçamos que o elegante trato com o guarda-chuva pede que o deixemos guardado com carinho e em condições quando é dia de sol, para podermos contar com ele em dia de chuva. “Amigos para sempre é o que nós devemos ser, na primavera ou em qualquer das estações, nas horas tristes, nos momentos de prazer, amigos para sempre!”.

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