quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

PARA TER UMA VIDA FELIZ

A pequena aldeia, na encosta da montanha, era formada por duas dezenas de famílias. Tinha todas as condições, mas não era feliz. Num passado distante, alguns fatos, que ninguém conseguia lembrar com clareza, criaram a divisão. O tempo foi passando e pequenos fatos eram interpretados como má vontade dos outros.

Uma piada, um animal que invadiu uma roça, uma brincadeira na escola e os velhos rancores vinham à tona. Quanto pior, melhor, pareciam pensar todos. Os rancores passavam dos pais para os filhos. A escola da localidade vivia esta animosidade. Um aluno não queria sentar ao lado do outro, considerando-o inimigo. Na hora do recreio, alunos eram excluídos e ferir o outro parecia ser obrigação.
Um dia a professora determinou uma tarefa para ser feita em casa. Cada aluno, no dia seguinte, deveria trazer uma sacola com batatas. Na aula, pediu que os alunos escrevessem em cada batata as diferentes mágoas, restrições, amarguras, ofensas recebidas com os nomes dos que haviam praticado a injustiça. Terminada a tarefa, colocaram as batatas na sacola. Por uma semana, pediu a professora, deveriam carregar consigo a sacola com as batatas.
Não deveriam abandoná-la de jeito nenhum. À noite, ela deveria ficar junto da cama.
Durante dias eles fizeram a tarefa. Aos poucos, porém, se deram conta que isso atrapalhava suas vidas. Não faziam os deveres de maneira correta e tinham dificuldades de prestar atenção na aula. A sacola pesava e algumas batatas estavam apodrecendo e exalando mau cheiro. Finalmente, a professora explicou que eles poderiam jogar fora as batatas, desde que jogassem fora também os sentimentos negativos.
A vida não é como a sonhamos. Milhares de coisas acontecem e nem sempre de maneira agradável. São injustiças, brincadeiras de mau gosto, ofensas, mágoas, decepções. Com o tempo se acumulam e podem tirar a alegria de viver. E as pessoas carregam consigo esse peso, causando desgaste psíquico e emocional. E por alguma circunstância, algumas dessas mágoas se deterioram. Assim mesmo, as pessoas não abrem mão. Mesmo que o adversário faça uma tentativa de conciliação, rejeitam, imaginando uma cilada.
A vida é curta demais para ser gasta com coisas tão mesquinhas, que não aproveitam a ninguém. A pessoa inteligente encontrará um jeito de perdoar as ofensas e esquecer as amarguras. O perdão é única maneira de zerar o mal. Somente o bem pode vencer o mal. Está hoje provado pela ciência que a falta de perdão adoece e torna feias as pessoas.
Jogar fora as batatas é um ato de amor que beneficia o seu autor e as pessoas que com ela precisam viver. Carregar esse peso é escolha de cada um. O perdão é atitude racional;
o coração acompanha depois.

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