sábado, 23 de abril de 2016

TÃO HUMANO ASSIM, SÓ DEUS.

Entre os humanos, há uma real dificuldade de começar o caminho da fé crendo na divindade de Jesus Cristo. Mesmo para quem se considera cristão, parece difícil descobrir as dimensões reais da humanidade de Jesus. Um Deus fazer-se um de nós, tão familiar e tão semelhante em tudo, menos no pecado, parece forte demais. Talvez o imaginário se encarregue de desenvolver um certo pudor, imaginando Deus correndo o risco de se sujar ao entrar em contato íntimo com a matéria.

Este tipo de miopia faz com que a figura de Jesus adquira aspectos lendários e perca a dimensão do homem do cotidiano. Aliás, é bom salientar que uma das primeiras barreiras à fé cristã foi a negação da humanidade de Jesus. Isso aconteceu desde os tempos apostólicos. Alguns cristãos daquele tempo pregavam publicamente que Jesus tinha apenas uma aparência humana. Combatendo este erro, João escrevia na primeira carta: “Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo aquele que confessa que Jesus Cristo veio na carne (tornou-se homem), é de Deus; e todo aquele que não confessa a Jesus, não procede de Deus, mas do anticristo”.

O popular e conhecido Santo Antônio também enfrentou grupos heréticos que negavam a humanidade de Jesus, convencidos de que não era possível Deus ter-se apequenado tanto e se ter envolvido com tanta miséria humana. A eles dizia esta frase que ressoa com tanta atualidade: “Ele (Cristo) veio para ti, para tu poderes ir a Ele!”.

A verdade é que a nossa fé em Jesus Cristo passa necessariamente por sua humanidade. O nosso encontro com Deus começa a ser o encontro com o Homem Jesus. Como nós, Jesus tinha pai, mãe e parentes que todos conheciam na sua aldeia. Em Nazaré, “onde se tinha criado”, antes de sua vida pública, vivera como qualquer um de seus habitantes.

Durante o seu ministério, não o vemos bancar o herói ou o santo. Continua vivendo como todos e nada do que era humano lhe era estranho. Sentia fome; tinha sede ; cansado, adormece no canto de um barco; irado, toma o chicote e expulsa os vendilhões do templo. Diante do sepulcro do amigo Lázaro não conteve suas lágrimas. Chorou, vencido pela emoção.

Por onde passava dedicava toda a atenção ao que havia de mais humano nas pessoas. As carências e os sofrimentos mais diversos eram o cenário de sua incansável ocupação, a ponto de não ter tempo nem para comer. Para escândalo dos fariseus deixou-se acompanhar por algumas mulheres que o ajudavam materialmente. Enfim, ele quis experimentar até mesmo o ingênuo triunfo em sua entrada messiânica em Jerusalém.

Nada nos revela melhor o Homem Jesus do que seus sentimentos diante da morte. Ele não ignorava de que morte devia morrer. “O Filho do Homem será entregue aos pontífices e aos escribas que o condenarão à morte e o entregarão aos gentios para ser escarnecido, flagelado e crucificado”. Um Deus apaixonado pela missão enfrenta as tentações, a resistência humana da agonia e continua o seu caminho na fidelidade total. Tão humano assim, só Deus!

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