quarta-feira, 13 de abril de 2016

É OUTONO OUTRA VEZ.

Para além das lentes fotográficas, o outono poderia ser mais festejado. São tantas alterações na paisagem, coloridos diferenciados, tonalidades inspiradoras. O vento balança os galhos, as folhas se soltam, a temperatura torna-se mais amena. Bem-vindo outono, ensaiando uma tênue leveza, convidando à interiorização. A vida se insere nas estações, mas resiste às transformações. Não tem como não balançar e não deixar algumas coisas se soltar. A natureza é exemplar quanto à renovação, mesmo sendo maltratada.

Quando as folhas encontram o chão, a impressão é que as plantas fecham as janelas, puxam as cortinas e apagam as luzes. A seiva se retrai, muitos galhos secam, a aparência se esvai. A maior parte da vegetação fica quase irreconhecível. Porém, é necessário que esse processo se complete. Sem contar que o inverno tenta se misturar com o outono, alternando o assoviar do vento e as quedas da temperatura.

Outras estações virão, enquanto isso faz bem provocar ‘outono’ nas entranhas da existência. Algumas folhas devem mesmo se desprender e alcançar distância. Apesar das resistências, a renovação se faz necessária. Algumas insistências não valem a pena. Outros tempos aguardam por novas posturas. A seiva do bem não perde o vigor. Depois que passar o período do recolhimento, a esperança será retomada e o encantamento voltará a ocupar o familiar cenário. Recolher-se para expandir-se: é tão interessante esse movimento.

Os tempos são mesmo de transformação. Mudanças são quase que uma exigência. Porém, como perceber-se o que é melhor, sem a disposição de fazer do recolhimento um tempo de reflexão? As alterações se tornam eficazes quando a trajetória não é ignorada e o ponto de chegada não perde as evidências. Tomara que os ventos tragam de volta os fragmentos da humildade e as dobraduras do bem comum.

Os excessivos ruídos não podem comprometer a elegância da ética e nem a harmonia do respeito. Quando os humanos se digladiam em posicionamentos desgastam a preciosidade da essência que a vida comporta, para além das ideologias. As folhas que se soltam não voltam mais. Que a rivalidade alcance a decência e que a primavera não tarde a chegar. Afinal, viver sem esperança não faz nada bem. O outono é feito de tonalidades. É fantástico o colorido da justiça. Ainda bem que a transparência se faz insistente em muitos corações.

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