domingo, 3 de abril de 2016

A IMPORTAMCIA DA TROCA DE LUGAR.

Certa vez, quatro mendigos encontraram-se numa encruzilhada: um turco, um árabe, um grego e um persa. Para celebrar o encontro, decidiram fazer uma refeição juntos. Reuniram as moedas que possuíam com intuito de comprar algo para a comemoração. Aí chegaram a um impasse: o que comprar com o dinheiro? Uzum, disse o turco; Ineb, gritou o árabe; Staphilion, afirmou o grego; Inghur, protestou o persa. O tom com que cada um fizera sua escolha dava a entender que era questão fechada. Logo estavam discutindo, cada um defendendo sua escolha. O próximo passo só poderia ser agressão moral e até mesmo a agressão física.

Por acaso passou por aí um sábio e, quase por um milagre, conseguiu um pouco de silêncio, o suficiente para ser ouvido. E explicou o absurdo da discussão: cada um de vocês está pedindo a mesma coisa, com palavras diferentes: uvas.

Hoje vivemos num tempo de muitas palavras vazias. Falamos em diálogo, falamos em ética, falamos em qualidade de vida, falamos em dignidade humana, falamos em pobres e não saímos daí.

A necessidade de dialogar é proclamada em todos os setores da vida humana. Isto acontece nas relações internacionais, nos partidos políticos, nos clubes, nas famílias, até na própria Igreja. Todos querem anunciar sua verdade, mas poucos aceitam escutar a verdade do outro. É aquilo que chamamos de diálogo dos surdos; Todos falam e ninguém escuta.

Toda tese tem como base um ponto de vista e o ponto de vista é visto a partir de um ponto. Escutar o outro supõe mudar de lugar. É diferente o ponto de vista do motorista do ponto de vista do pedestre. Para um entendimento será necessário trocar de lugar: o professor com o aluno; o patrão com o operário; o homem com a mulher; o adulto com a criança; o jogador de futebol com o juiz...

Dialogar supõe, antes de falar, ouvir, colocar-se no lugar do outro. Aí é possível entender que existe muita coisa em comum e que as diferenças não são tão grandes, nem importantes. Bem conduzida, a negociação não deixará vitoriosos ou vencidos. E um pouco de dose de humildade pode nos mostrar que a opinião do outro é até mais rica do que a nossa. Ícone do diálogo e da bondade, dom Helder Câmara dizia: se você discorda de mim, me enriquece.

É impressionante, no Evangelho, o número de cegos, surdos, mudos, paralíticos curados por Jesus. Ele mesmo deu o exemplo: deixou a glória para assumir nossa humanidade. Trocou de lugar conosco.

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