terça-feira, 5 de abril de 2016

O QUE É ALEGRIA PASCAL?

Há uma pergunta inquietante que percorre os cantos da Terra, onde os humanos se deparam com realidades tão obscuras e agressivas: Como se pode falar de alegria pascal quando sabemos que há tantos impedimentos que a roubam da humanidade: as guerras, os sofrimentos, as injustiças e agressões de tantas formas?

Na verdade, a alegria pascal não é uma sensação alienada ou alienante, mas um direito sagrado de todos os humanos. Em todo o ser humano existe um pedaço de solidão que nenhuma intimidade humana consegue preencher. É ali que Deus nos encontra. É ali, nessa intimidade, que se encontra o segredo da alegria do Cristo Ressuscitado. A alegria é como um pedaço de chão que cultivamos em nós; é como uma pequena quadra de esporte onde exercitamos a liberdade e a espontaneidade.

Como cristãos, não podemos cruzar os braços diante do ser humano vítima do ser humano. Reduzir à miséria o que há de mais precioso e sagrado que é a pessoa, imagem e semelhança de Deus, é inadmissível. A justa indignação faz parte da fé cristã. Porém, na ânsia de maior justiça não podemos renunciar o cultivo da alegria interior oferecida e garantida a todo cristão pela Páscoa do Senhor. Caso renunciemos nosso direito à alegria cristã, estaríamos nos vergando sob o fardo de nosso desespero e oferecendo à humanidade a nossa tristeza. Diante de tantos problemas, seríamos mais um problema.

Por acaso, para viver na alegria estaríamos impedidos de combater e lutar pela justiça? Ao contrário! Sabemos que a alegria não é apenas uma euforia passageira. É animada por Cristo em homens e mulheres plenamente lúcidos quanto à situação do mundo, capazes de assumir grandes desafios e empreender a via-sacra da vida, na certeza de um final feliz.

A estas alturas da reflexão, também é importante lembrar que a alegria pascal não é uma diversão passageira ligada a uma festa, ou um momento festivo. A verdadeira alegria pascal inaugura-se na certeza de que o “último inimigo foi vencido, isto é, a morte”.
Paulo, insiste: “Alegrai-vos sempre no Senhor!”. Diante desta insistência de Paulo a viver a alegria, o que nos deixa inquietos é a palavra “sempre”. Na verdade, nem sempre estamos alegres pelas muitas interferências que despontam no caminho, como doenças, intrigas, angústias, situações de pobreza etc. Porém, mesmo assim podemos “ser alegres”, embora nosso rosto não consiga manifestá-la.

A Páscoa  resgata, ao ser humano, o argumento imbatível da possível alegria permanente, mesmo que esta precise conviver com o cotidiano da cruz. “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia r e siga-me”. Em Cristo não há qualquer sintoma de masoquismo, mas um amor sem limites, capaz de abraçar a cruz e nela morrer para garantir a todos a possibilidade da ressurreição.

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