segunda-feira, 18 de abril de 2016

PARA A LATA DE LIXO DA HISTÓRIA

O dia 17 de abril de 2016 ficará registrado como um dos mais tristes da nossa História.

Ante a incredulidade do mundo, conduzida por um personagem que é a epítome do que há de pior na política nacional, a Câmara dos Deputados decidiu autorizar o processo de afastamento da presidenta honesta, contra a qual não há acusação jurídica que se sustente.

Deu-se o que o Secretário-Geral da OEA e a comunidade internacional estão chamando muito apropriadamente de “o mundo ao contrário”. Políticos ficha-suja, movidos por vingança política, deram o pontapé inicial no processo do golpe contra a presidenta ficha-limpa.

Na realidade, deram um pontapé na democracia brasileira e transformaram o Brasil numa vergonhosa republiqueta de bananas. Uma república de “fichas-sujas”.

Nessa ópera-bufa do golpe, os personagens são patéticos. As justificativas para o injustificável beiram o grotesco. Na votação, muitos dos golpistas falaram em Deus, família, etc., mas foram incapazes de apresentar um único argumento sólido para justificar seu crime contra a democracia. Durante muito tempo, as imagens do espetáculo ridículo percorrerão o mundo provocando risos de escárnio e de incredulidade.

O golpe tem intenção, tem propósito. Obviamente, tal propósito não tem nada a ver com combate à corrupção. Ou melhor: tem relação, sim, com o combate à corrupção, mas no sentido negativo. O golpe está se dando, entre outras razões, para tentar assegurar impunidade a seus artífices. Segundo a imprensa, houve negociações em torno dessa promessa desavergonhada. Uma promessa que incluiria a transformação da Lava Jato numa operação Banho Maria.

Bastou, no entanto, a crise mundial nos atingir para que nossa elite econômica e política passasse a apostar de novo num processo de desenvolvimento concentrador e excludente. Querem a volta, em essência, do “milagre econômico” da ditadura, muito apropriado ao plano do golpe contra a democracia. Querem de volta seu capitalismo selvagem. Querem de volta seus privilégios. Querem de volta a desigualdade. Querem de volta a exclusão. Querem de volta até a mesmo a impunidade. Até mesmo a impunidade para reprimir o povo e arrochar o trabalhador.

Em nome de “Deus e da família” golpeiam democracia, o processo civilizatório e nos enchem de vergonha aos olhos do mundo.

Em nome de “Deus e da família”, querem de volta, em suma, a nossa barbárie histórica. Nossa diabólica desigualdade.

Mas esse retrocesso à barbárie não tem nenhum futuro. Mais cedo ou mais tarde, será derrotado. O Brasil só sairá da crise com um grande pacto que contemple os interesses de todos, inclusive os dos trabalhadores e os dos que são beneficiados pelas corretas políticas de inclusão. Fora disso, não há salvação; há barbárie.

O cínico, baixo e machista “tchau querida”, será logo substituído pelo “fora fichas-sujas”. Pelo fora Cunha e pelo fora Temer. Não demorará muito para que a palavra de ordem seja “fora golpistas”.

Assim, os golpistas não têm nada a comemorar. A triste noite do “tchau querida” dará  lugar a um dia luminoso, no qual não haverá mais lugar para corruptos, hipócritas, cínicos e, sobretudo, para golpistas. O cínico “tchau querida” do dia 17 terá vida curta.

Irá, merecidamente, para a lata de lixo da História.

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