sexta-feira, 22 de abril de 2016

O MAIS ALTO MONTE.

O Everest é a mais alta montanha da Terra. Está localizado na Cordilheira do Himalaia, fronteira da República Popular da China com o Nepal, com uma altitude de 8.848 metros. No pico do Everest, a temperatura varia de 40 a 50 graus negativos. Apesar do vento forte e do exagerado frio, o local é muito procurado por alpinistas: anualmente são inúmeros os que buscam escalá-lo. Trata-se de um esporte arriscado e que faz muitas vítimas. Alguns corpos nem são resgatados, devido às precárias condições de remoção.

Algo impacta os esportistas quando da chegada à principal rota de acesso ao Everest: lá está o corpo do indiano Paljor. Por estar usando botas verdes, recebeu o apelido de ‘Botas Verdes’. A história é conhecida mundialmente. A família não recolheu o corpo, pois custaria muitos dólares. Assim, quem vai a esta alta montanha se depara com a imagem do indiano que, na tentativa de realizar um sonho, encerrou sua trajetória.

Quando se trata de esportes de alto risco, minha curiosidade não alcança níveis significativos. A história do indiano Paljor foi comentada, numa aula do doutorado, por um professor canadense. Todos permanecemos muito atentos, principalmente na reflexão advinda da narrativa. Entre tantas frases expressas, guardei comigo: ‘colocar a vida em risco apenas para satisfazer o ego, em nada ajuda.’

Nos dias seguintes, os comentários da sala de aula continuaram provocando algumas lembranças e insistentes questionamentos existenciais. As buscas humanas são, em alguns casos, diversas e instigantes. Longe de qualquer julgamento, alcançar a mais alta montanha não é algo que transforme um sonho em realidade. Para além da satisfação e do sabor da superação, o ego envaidecido não acrescenta quase nada à dignidade e à felicidade.

O Everest continuará recebendo muitos alpinistas. Alguns tentam recordes físicos, outros desejam apenas um breve momento de fama. As diferentes motivações fogem de qualquer objeção. Recolhido em meu silêncio, busco alcançar o pico mais alto da bondade, da coerência, da fraternidade. O gosto pelo conhecimento agrupa não muitos ‘alpinistas’, mas o suficiente para que sejam desbravadas outras fronteiras, sob a temperatura da humildade e com a alegria de estar contribuindo com o desenvolvimento da humanidade.

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